Os "anos dourados" do capitalismo, iniciados após o fim da Segunda Guerra Mundial, marcaram uma grande abertura política e industrial dos países ocidentais. Os Estados Unidos, firmados como a grande potência mundial, voltaram sua produção para os mercados de massa. Desse modo, na questão alimentícia, investiram em produtos padronizados, gordurosos e, sobretudo, acessíveis. Hodiernamente, a facilidade em adquirir mantimentos prontos, conectada ao sedentarismo, traduz-se no fenômeno, também social, da obesidade. Tornou-se comum o retrato de consumidores em contato com bolachas, refrigerantes, sucos em pó e "junk foods". Tais produtos são extremamente atraentes, especialmente para os mais jovens, em virtude do excelente sabor (obtido artificialmente) e da praticidade oferecida na ausência de preparo prévio. Esses alimentos, entretanto, contribuem para disseminação da problemática, pois costumam ter uma alta densidade calórica, proveniente da grande presença de carboidratos refinados, gordura saturada e sódio. Ademais, a falta de parques públicos, de condições para pagar a mensalidade de clubes esportivos e o receio de brincar na rua, causado pela violência urbana, inviabiliza a prática de exercícios físicos. A sociedade, dessa maneira, fica restrita ao entretenimento de seus computadores, tablets, videogames e televisões, evitando-se o necessário gasto de calorias. De acordo com o IBGE, 100 milhões de pessoas com 15 anos ou mais não praticam esporte no Brasil. Por conseguinte, além de inúmeros problemas cardíacos, reumáticos e circulatórios originados, arquiteta-se um “padrão” nas relações sociais, responsável por enquadrar as pessoas obesas em um quadro de inaptidão e exclusão. Tal fato é reforçado pelas grandes mídias de comunicação que, por meio de propagandas, comerciais e representação nas novelas, impõe o modelo magro como correto e belo. Desponta-se, nesse contexto, uma geração de jovens estigmatizados que, por não se adequarem, também sofrem com graves problemas psicológicos. Dessarte, visando a mitigação do “mal do século”, o Ministério da Saúde deve continuar implantando e implementando polos do programa “Academia da Saúde”, com infraestrutura, equipamentos e profissionais qualificados, no intuito de oferecer espaços para atividades corporais. As mídias, em seu âmbito, têm o papel de divulgar os malefícios causados pelos alimentos industrializados, conscientizando a população, e propagar anúncios que preguem pela aceitação do corpo individual.