Ao longo do processo de formação da Idade Média, do século V ao XV, a obesidade era tratada como luxo e era fator determinante da classe social, haja vista que apenas os mais ricos podiam comer muito e, em decorrência disso, se tornavam obesos. Analogamente, é possível estabelecer um paralelo entre a atualidade e os tempos medievais, visto que tal sobrepeso, que outrora era tratado como luxúria, nos dias atuais é tratado com desdém pela população. O obeso, além de sofrer as enfermidades que essa condição proporciona, ainda sofre psicologicamente por conta da discriminação social pelo seu peso. É papel do Estado minimizar o número de cidadãos nessa situação, porém, fatores como a publicidade de alimentos nocivos à saúde quando ingeridos em grandes quantidades, em consonância com a falta de educação alimentar da população, dificultam esse processo. É notável que a alta carga de publicidade alimentícia voltada ao público infantil tem grande influência nos números cada vez maiores de sobrepesos no país. Dados da WOF (World Obesity Federation) apontam que, em 15 anos, o Brasil será o país com o maior número de obesos no mundo. Agências publicitárias abusam de personagens de desenhos animados para seduzirem as crianças, que sofrem ainda mais com fatores sociais decorrentes do alto peso quando se leva em conta o bullying escolar. Ademais, o bullying contribui, ainda, para a depressão infantil, o que leva tais infantos a comerem ainda mais na esperança de diminuir suas frustrações decorrente de seus pesos, corroborando ainda mais a obesidade. Outrossim, a falta de educação alimentar desde a primeira infância sustenta o crescente número de obesos no país. Segundo Zygmunt Bauman, a educação é líquida, haja vista que, se não há um cuidado e um preparo minucioso com ela, essa "escorre pelas mãos", assim como um líquido, criando problemas sociais. De maneira análoga, é possível configurar a teoria do sociólogo na situação atual do país, uma vez que, se houvesse uma instrução desde a mais tenra idade a respeito dos malefícios sociais e fisiológicos da condição de obeso, o número de pessoas nessa condição seria minimizado. Logo, medidas educacionais devem ser tomadas por parte do Estado. Infere-se, portanto, que a crescente obesidade tem origens históricas, culturais e sociais. Medidas devem ser tomadas a fim de atenuar a problemática. O Poder Legislativo deve criar, votar e sancionar leis que obriguem as propagandas de alimentos a mostrarem, de maneira nítida, que a ingestão em excesso de tais alimentos causa obesidade. O Governo Federal deve realocar recursos para que o MEC (Ministério da Educação) possa incluir no currículo básico escolar matérias focadas na educação alimentar, treinando profissionais capazes de lecionar tais disciplinas, a fim de que os jovens possam ter o papel de atores sociais, instruindo os familiares e amigos os benefícios de uma alimentação saudável. O MEC deve, ainda, treinar pedagogos para que esses realizem palestras nas escolas com o objetivo de desestimular o bullying nesses estabelecimentos. Dessa forma, o número de obesos no país será gradativamente minimizado e, por fim, a sociedade irá deixar de lado o desdém pela obesidade para ter o luxo contemporâneo da vida saudável.