O período histórico da Idade Média foi marcado, entre diversos fatores, pela fome e desnutrição de diversas populações, inclusive as mais desenvolvidas. Em resposta a referida situação, o excesso de peso era considerado belo, por representar uma situação de fartura e riqueza, almejada por todos os homens. Na sociedade capitalista moderna, cujos avanços tecnológicos e a maior oferta de alimentos propiciaram uma melhor situação para a maior parte da população, a obesidade, ou o peso acima do limite recomendado, tornaram-se sinônimos de descontrole emocional e ausência de busca por saúde, refletindo no conceito de belo contemporâneo, que, no geral, rechaça a beleza dos corpos vultosos. O excesso de peso é, comprovadamente, relacionado ao surgimento de diversos doenças e problemas, vide gratia, a hipertensão, a arteriosclerose e o desgaste de articulações. Embora sejam noticiados os diversos riscos nas redes sociais e mídias informativas, diversas pessoas continuam com o peso acima do recomendado, comumente por incapacidade de reduzi-lo, ou mesmo por se sentirem confortáveis com sua forma corporal. Tristemente, porém, a sociedade costuma reprimi-los fortemente, através de ações como o bullying, o que pode ocasionar o desenvolvimento de depressão e dificultar a perda de peso aos que desejam, ou mesmo condenar o pensamento dos que aceitam seus corpos. Em resposta a opressão relacionada a beleza corporal, diversos movimentos sociais têm surgido em busca de propiciar um ambiente que permita as pessoas serem quem elas são. O crescimento exponencial das modelos Plus-Size, i.e., que utilizam roupas de números altos, são um reflexo das ações de aceitação. O sociólogo Émile Durkheim afirma que os pensamentos e costumes dos indivíduos são resultados das ações sociais, que representam fatores externos ao indivíduo, mas que o influenciam fortemente. Portanto, a aceitação do conceito de beleza “acima do peso” será o resultado da desconstrução de diversos conceitos construídos ao longo de gerações. Ao analisar os fatos, torna-se necessária, por conseguinte, a ação do Estado e da sociedade para a correção deste impasse. É papel do Ministério da Educação apresentar nas escolas palestras e atividades extracurriculares que ensinem simultaneamente a respeitar o corpo do próximo e a importância de buscar uma vida saudável. É função do Ministério da Cultura apoiar atos relacionados aos diversos tipos corporais, através de financiamento à eventos semelhantes aos desfiles das plus-size. Por fim, é papel da sociedade, como um todo, auxiliar as pessoas acima do peso em seus objetivos pessoais e respeitar a decisão das mesmas quanto a seu peso corporal.