Desde o século XVIII, a ampliação do conceito de família é um fenômeno constante. Na revolução francesa, adicionou-se a organização familiar monoparental, pautada no récem-inaugurado direito ao divórcio. Já na atualidade, destaca-se a formação de famílias homossexuais. Contudo, é perceptível que a sociedade pouco tem aceitado a modificação dos núcleos familiares tradicionais, devido, principalmente, ao preconceito e ao conservadorismo. Marcados pelo etnocentrismo e tradicionalismo religioso, os indivíduos da atualidade não conseguem enxergar modelos de família aquém do padrão biológico de pai, mãe e filho. Desse modo, o ideal de que não há amor entre pessoas de mesmo sexo e que mães solteiras são incapazes de criar seus filhos sozinhas permeiam a mente dos jovens, fato que gera a prática de agressões e repúdio aos novos conceitos familiares e, consequentemente, rompe com os direitos de igualdade e liberdade de seus constituintes. Além disso, é importante ressaltar que família, neste século XXI, não se resume a tradição pai e mãe pela capacidade de procriação. Com o surgimento de métodos alternativos de reprodução e a liberdade da sexualidade, a família agora é pautada em laços afetivos. Contudo, esse não tem sido o modelo bem-quisto na sociedade. Ademais, a constituição de países como Brasil em 2011, Irlanda em 2015 e Holanda em 2002 já legalizaram e adotaram o conceito de família afetiva, garantindo-as o direito de igualdade e liberdade. Assim, é possível perceber que a exclusão dos novos modelos é uma ação puramente social, sendo necessário que os próprios indivíduos aceitem e busquem integrá-los no convívio social, suprimindo seus sentimentos conservadoristas. Infere-se, portanto, que a nova organização familiar de afetividade está em um embate frequente com o ideal tradicionalista presente na sociedade. Para que haja um fim a tal exclusão, cumpre ao poder público legalizar a escolha dos seus cidadãos pelo voto direto, como por exemplo, o plebiscito realizado na Irlanda. À escola, compete introjetar nas crianças valores essenciais como respeito e tolerância, independentemente dos gêneros que compõe as suas famílias. Assim será dado um grande passo para a igualdade necessária ao mundo globalizado.