Segundo Aristóteles, os humanos possuem uma tendência natural a formar unidades sociais. A família é o primeiro ambiente que o indivíduo tem contato, moldando os alicerces que sustentarão os princípios morais e éticos do futuro cidadão. Mais do que isso, a família é onde o indivíduo dá seus primeiros passos sozinho, fala a primeira palavra e aprende a expressar seus sentimentos. Mas por que é tão difícil definir o conceito de família? As grandes guerras, crises econômicas, a inserção da mulher no mercado de trabalho e o êxodo rural são fenômenos que, indiretamente, modificaram os laços afetivos, tanto dentro como fora do ambiente familiar. Nas últimas décadas, além da redução drástica do número de filhos, houve uma inversão de papeis. A mulher, que antes era sinônimo de dona de casa, enquanto seu marido trabalhava, ganhou voz na sociedade, e passou a reivindicar seus direitos como cidadã, após séculos de represália. Hoje, é comum ver o homem fazendo as tarefas de casa e levando seus filhos para a escola, enquanto sua esposa disputa uma vaga no mercado de trabalho. Outra forte mudança, que ganhou maiores proporções nas últimas décadas, foi a legalização de casamentos homoafetivos. Mesmo sendo testemunhada desde a era medieval, a relação entre pessoas do mesmo sexo sempre sofreu embates religiosos e culturais. A homofobia é o principal preconceito em relação à família, e isso explicitou-se após a legalização do casamento gay nos Estados Unidos. Enquanto pessoas comemoravam e aderiam ao projeto, com fotos de perfis coloridas no Facebook por exemplo, outras agrediam verbalmente com ameaças, discursos de ódio e ofensas. Mesmo tendo uma opção sexual já definida, o público conservador necessitava ferozmente insultar os que buscavam algo tão simples, ter os mesmos direitos da população heterossexual. Portanto, nunca houve um conceito sólido de família. O que ocorreu foi uma maioria que se adequou aos moldes da época em que viviam. Há uma forte preocupação com problemas alarmantes, como a violência e o tráfico de drogas, e assuntos como a liberdade sexual e uma ampliação do conceito de família fogem das pautas de discussões no Congresso. Assim, o poder da mídia de atingir a cultura de massa é imprescindível, como ferramenta de molde intelectual. As novelas apresentando novos formatos de família indagam o espectador a repensar seus conceitos, e a visualização diária desse novo conceito, adequará os olhos conservadores à nova expressão de sentimentos.