Clássicos, como Cinderela e A Pequena Sereia, celebram o amor - heteronormativo e patriarcal -, e tem o casamento como desfecho. Embora existam, como sempre existiram, diferentes tipos de relações, socialmente, apenas a entre indivíduos do sexo oposto é aceita, sendo reflexo disso a mídia padronizada. Entretanto, tal cenário tem se modificado, e, portanto, também o conceito de família. Cabe, dessa forma, a análise de tais mudanças. Segundo a Constituição Federal de 1988, o elemento básico na formação de uma família é a afetividade. Infelizmente, tal jurisdição não muda instantâneamente o pensamento de uma sociedade. O Brasil continua preconceituoso, e, como tal, abomina a união homoafetiva, bem como discrimina as crianças cujos pais sejam do mesmo sexo. Isso quando o casal consegue adotar crianças, pois o preconceito atua também nesse processo, separando aqueles que necessitam de um lar daqueles que o tem para dar. Tal qual o preconceito, o abandono parental não é uma novidade. Prova disso são as inúmeras certidões de nascimento em que constam unicamente o nome da mãe. Também os "pais de pensão" são frequentes. Nesse caso, o principal vínculo entre pai e filho, além do sanguíneo, é uma mera quantia bancária. Em ambas as situações, a provedora de afeto e tempo é a mãe. que carrega, além de tantas outras coisas, o peso social da promiscuidade. Haja vista a generalidade desses casos, não seria errado dizer que a real família tradicional brasileira consiste em filho, mãe e avó, que cuida da criança enquanto a mãe trabalha. Conclui-se, portanto, a existência de diversas formas de família. Cabendo ao Estado a proteção do núcleo familiar, deve ele punir efetivamente aqueles que através da coerção, violência ou mau uso de poder coibirem os direitos legais dos indivíduos. Ademais, de nada adiantarão leis sem que a sociedade mude. Para tanto, devem escolas públicas e privadas promoverem palestras e rodas de conversa com os alunos, focando na diversidade e respeito. Por fim, sem tabus e limitações, poderão os futuros clássicos românticos serem, de fato, celebrantes do amor.