A família contemporânea pode ser composta por duas mães, dois pais, meio-irmão, enteados, filhos legítimos ou adotivos. Os tempos de só "papai, mamãe, titia" parecem ter ficado na letra dos Titãs. Entretanto, ainda há muito que se discutir para que, de fato, essa nova configuração seja reconhecida e retrate a nova instituição familiar. Recentemente, a Câmara dos Deputados ressuscitou um polêmico projeto denominado "Estatuto da Família", que legitima apenas a união entre homem e mulher. Uma enquete do portal da Câmara mostrou que 53% das pessoas concordam com essa definição. Isso representa, que apesar das visíveis mudanças, o conservadorismo ainda é latente na sociedade civil. Essa visão engessada do modelo familiar colabora com o crescimento da intolerância. Crianças que têm famílias fora do "convencional" costumam sofrer com o preconceito. Frequentemente, são noticiados casos de agressões a filhos de casais homossexuais. Comprovando que ainda há pessoas que não aceitam o diferente e acham que preconceito é questão de opinião. É válido ressaltar, também, as demais estruturas familiares. Antigamente, a mulher divorciada estava fadada à discriminação, pois não era aceita socialmente. Atualmente, há inúmeros casos de mulheres que são chefes de família, solteiras e mães independentes. No âmbito jurídico, muitas conquistas já foram alcançadas, mas, culturalmente, ainda há um longo caminho a percorrer para que o patriarcalismo institucionalizado dê espaço à pluralidade da nova representação familiar. Portanto, é necessário que haja o debate nos mais variados ambientes sociais. A escola, enquanto instituição socializadora, é responsável por naturalizar essa nova face, promovendo o respeito e a integração. O governo, por sua vez, precisa criar meios eficazes de punição aos casos de intolerância. Porque na "nova família" não é tudo igual, o que mudou foi muito mais que o endereço.