Título da redação:

A batalha do reconhecimento

Tema de redação: Evolução do conceito de família

Redação enviada em 17/10/2018

No dia 11 de outubro deste ano, o presidenciável Jair Bolsonaro, que, atualmente, possui 59% das intenções de votos, assinou um termo de compromisso com o site “Voto Católico Brasil”. Nesse termo, o candidato se compromete a promover e defender, entre outras coisas: “a Família, constituída de acordo com o ensinamento da igreja” e “o verdadeiro sentido de Matrimônio, como união entre homem e mulher [...]”. Todavia, o Brasil, um país laico, tem um conceito de família muito mais amplo, que, também, deveria ser respeitado. O que não acontece e, provavelmente, demorará a acontecer, tendo em vista atitudes como a do candidato aqui citado. O conceito de família da Igreja, que é defendida por uma grande parcela da população, é o de um homem e uma mulher com seus filhos. Porém, esse conceito é extremamente conservador, discriminatório e não reconhece outros tipos de família, como as famílias homoafetivas e as famílias aparentais, constituídas por um pai ou uma mãe. Como consequência disso, primeiramente, os pais e, principalmente, as mães solos sofrem diversos preconceitos e barreiras sociais, que interferem na convivência com outras famílias e, até mesmo, na sua sobrevivência. Fato comprovado pela situação dessas mães no mercado de trabalho: embora elas chefiem 39% dos lares, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mais de 45% não consegue retornar ao mercado após a maternidade. Além disso, no caso das famílias homoafetivas, os casais não podem, por exemplo, participar de programas do Estado vinculados à família, receber abono-família ou tirar licença-maternidade para o nascimento dos filhos das parceiras. Ou seja, ainda hoje, por causa de um conceito antiquado, adotado, inclusive, pela Constituição, várias famílias são privadas de direitos básicos, que deveriam ser usufruídos por todos, sem restrições. Depreende-se, portanto, que o conceito de família precisa evoluir e se adaptar a nova realidade do Brasil e do mundo. Como a educação é a melhor maneira de se quebrar preconceitos, o Ministério da Educação precisa tornar obrigatório na base curricular o ensino de cidadania, que deverá incluir aulas sobre os novos conceitos de família e sobre a diversidade de gêneros. Dessa forma, aumentar-se-á a aceitação das “famílias não padrões” e, consequentemente, facilitar-se-á a integração dessas na sociedade.