“De nada serve ao homem conquistar a Lua se acaba por perder a Terra”. A citação de François Mauriac expõe de maneira fiel a conjuntura do mundo atual. Progresso, na visão de mundo capitalista, denota evolução tecnológica e econômica. Todavia, apesar das inegáveis maravilhas que esta proporciona, as sociedades de hoje enfrentam sérios problemas que são consequências do descontrole e mau uso de tal ferramental, causando paradoxo em torno do que é progredir. O conflito mais imediato que o desenvolvimento material pode causar é a desigualdade social. Hoje, poucos países detêm efetivamente quase a totalidade de recursos naturais que o planeta oferece. O progresso moral passa inevitavelmente pela coletividade. Portanto, se nossas sociedades selecionam a quem o conhecimento científico deve atender, a evolução em conjunto não ocorre em sua plenitude, e temos um desequilíbrio entre o científico e o moral. Não obstante, é certo que hoje a população mundial possui melhores condições de vida do que em outrora, tanto no quesito saúde, quanto conforto e lazer. A evolução científica é crucial para que o ser humano atinja sua plenitude como ser. Áreas como a Física, Química, Biologia e Computação tornaram o viver muito mais completo para boa parte dos indivíduos das sociedades contemporâneas. Todavia, surge outro problema: o homem gera, com suas atividades, uma espécie de autodestruição programada. Grandes indústrias esquecem-se de sua responsabilidade socioambiental, e o conhecimento é por vezes construído com critérios financeiros, e não éticos. O planeta Terra foi intensamente atingido pela ação antrópica, e seus recursos são finitos. Riquezas, conforto e melhores condições gerais impedirão um colapso da vida como o homem a conhece? Certamente que não. Tal falta de ponderação distorce a semântica do termo “progresso”. Então, diante dos fatos apresentados, é evidente que existe um conflito em curso entre o científico e o moral. É possível, sim, que haja um equilíbrio entre estes pilares. Para que isso ocorra, O desenvolvimento material deve ser sustentável e pautado pela coletividade. Grandes indústrias devem repensar seu próprio conceito de evolução, e frear suas atitudes prejudiciais ao meio ambiente. É papel do indivíduo promover esta causa, seja por meio de campanhas ou mesmo pequenas mudanças de atitude.