Título da redação:

Progresso extraviado

Tema de redação: O progresso: entre o científico e o moral

Redação enviada em 23/05/2016

O progresso humano é frequentemente comemorado positivamente pela sociedade, a mídia, as empresas e os governos. No entanto, a crescente situação instável em que a vida e o planeta se encontram coloca em dúvida todo esse otimismo em nome do avanço da humanidade. Nesse sentido, a usual caracterização do progresso parece ser limitada e parcial, visto que, favorece um número restrito de coisas e pessoas em detrimento de outras. Assim, o verdadeiro progresso só será realizado quando a atual forma da ciência, da ética e a relação entre as duas forem compreendidas. O progresso atual está fortemente ligado ao desenvolvimento científico, esta, por sua vez, tem sua origem na filosofia. Desde que a ciência se tornou independente da filosofia, ela foi gradativamente se afastando da ética, uma questão comumente considerada propriedade da filosofia ou da teologia. Não obstante, esse distanciamento se tornou expressivo com o advento da Revolução Industrial, transformando a ciência de hoje em uma ferramenta impessoal e exclusiva apenas daqueles com maior poder aquisitivo. Algumas das manifestações de sua feição atual é o foco excessivo na produtividade e no avanço tecnológico, como o desenvolvimento da inteligência artificial etc. sem envolver apropriadamente as questões éticas ou as possíveis consequências negativas para o futuro. Atualmente, uma pessoa é majoritariamente guiada pelas definições morais do senso comum e das religiões, um campo limitado e incapaz de lidar com a complexa realidade contemporânea. A inacessibilidade delas pela filosofia, que as fizeram abstratas e complexas demais, e a exclusividade da ciência, assim como, a exploração pobre que ela as dá, restringe o alcance da moral enfraquecendo a capacidade das pessoas de influenciarem o sentido do progresso. A descrença no aquecimento global, a intolerância progressiva — como o racismo, a misoginia, a xenofobia — e a cultura consumista compulsiva são alguns dos exemplos da separação e das limitações da ciência e da ética, uma vez que juntas elas podem explicar e solucionar a maioria desses problemas. Dessa forma, é imprescindível reconciliar a ciência e a moral, assim como, democratizar o poder do pensamento científico. Para isso, e para começar, o Governo Federal poderia relevar no ensino médio, técnico e superior a pensamento filosófico, dando a ele a apropriada atenção, principalmente na esfera ética. Além disso, explorar nesses cursos a importância do mundo natural para a vida e o futuro da humanidade ao invés de focar demasiadamente na sua aplicação produtiva, tecnológica e econômica. Entre essas e muitas outras mediadas, como criar condições que facilitem um estilo de vida renovável, a humanidade terá uma real chance de efetivamente influenciar positivamente o futuro da vida e do planeta.