Título da redação:

Progresso e ordem

Tema de redação: O progresso: entre o científico e o moral

Redação enviada em 20/05/2016

Transgênicos, clonagem humana e manipulação de células-tronco são apenas algumas das áreas as quais gradativamente ganham destaque na mídia devido à tecnologia intrínseca a elas. Entretanto, apesar do avanço nas pesquisas científicas de diversas áreas, lamentavelmente há uma dicotomia entre o desenvolvimento e a ética. Nesse sentido, para que a população hodierna aproveite integralmente os resultados de tal conquista, é imprescindível que o progresso, como definiu o positivista Augusto Comte, espontâneo e necessário se concilie com a moral. Notoriamente, o processo da Revolução Industrial trouxe consigo características dissonantes, uma vez que as consequências urbanas, sociais e ambientais não foram consideradas. Logo, problemáticas causadas pela revolução, menosprezadas e ignoradas na época, como o aumento da poluição do ar, o crescimento desordenado das cidades e a utilização de grande quantidade de mão de obra infantil nas fábricas, se tornaram transtornos ainda contemporâneos. Sendo assim, o progresso e a moral se estabelecem como uma divergência histórica. Além disso, a conduta moral, segundo Immanuel Kant, é aquela que possibilita escolher, a partir de regras particulares, aquela que se torne uma lei válida para todos. Sendo assim, a ciência – corpo de conhecimentos formulados racionalmente – necessita agir com mais prudência e discernir os riscos éticos de suas inovações, uma vez que os avanços científicos e tecnológicos são primordiais ao desenvolvimento da sociedade. Deve-se ressaltar ainda que o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, sancionado no início de 2016, promove uma série de ações para o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico. Porém, tal projeto de lei é omisso na temática da moral e da ética. Diante desse cenário e partindo do pressuposto de que – como supracitado – tanto a progresso científico como o progresso moral são inegavelmente necessários, a sociedade tecnocientífica deve repensar sua metodologia de trabalho, examinando aspectos éticos e as suas consequências. Outrossim, o Estado deve reformular o projeto de lei que visa a ciência e tecnologia, introduzindo menção à princípios morais. Por fim cabe às escolas a função de implantar programas de orientação cientifica, a fim de fomentar fundamentos teóricos voltados à ética. Somente assim, como previa Comte, o progresso será construído sem esquecer a ordem.