Título da redação:

Ética como Prioridade

Tema de redação: O progresso: entre o científico e o moral

Redação enviada em 18/05/2016

Durante a Segunda Guerra Mundial, ocorria nos Estados Unidos algo igualmente horrendo, que por sua vez, amplificou a discussão ética da ciência. Em um estudo sobre Sífilis, mais de 500 homens negros foram enganados, acreditando que estavam sendo tratados, quando na verdade, o objetivo do estudo era observar a progressão da doença até suas mortes. Nesse sentido, cabe analisar a ciência em seu aspecto moral e os limites éticos ante seu progresso. Em primeiro lugar, a ciência por si não é boa ou má. Sua função é apenas possibilitar novos entendimentos e habilidades, e estas, por si, é que podem ser usadas para crueldades. A ciência nuclear, como exemplo, fornece energia a muitas cidades pelo mundo, pelo processo de fissão. Entretanto, este mesmo processo foi responsável por matar milhares de pessoas instantaneamente no Japão e gera, ainda, uma ameaça à humanidade. Com efeito, como disse o físico Richard Feynman, “A ciência é a chave que abre as portas para os céus, porém essas mesmas chaves abrem as portas para o inferno. ”. A maldade, então, não está na técnica, mas em quem a usa. Cabe também analisar os limites do que deve ser realizado com as futuras tecnologias. A genética se mostra, hoje, como a principal área de discussões bioéticas, uma vez que com a nova tecnologia Crispr/Cas9 se tornará possível selecionar em embriões humanos quais genes devem ser expressos ou não. Contudo, embora pareça ótimo impedir que crianças nasçam com doenças congênitas como esclerose múltipla ou diabetes, isso só será possível para os poucos que podem pagar, criando, assim, uma nova forma de segregação. Ainda, este ato invoca discussões éticas e religiosas as quais a sociedade não está pronta para enfrentar, e com efeito, em 2015, uma reunião de diretrizes, prudentemente, acabou por proibir o uso desta tecnologia em embriões. Fica claro, portanto, que a sociedade, hoje, precisa de avanços em sua moralidade, muito mais que em sua tecnologia, de modo a conseguir lidar corretamente com as que já existem. Para tal, é necessário que haja um melhor ensino sobre ciência e ética, já em escolas primárias, uma vez que há uma sociedade pautada em tecnologias que as pessoas não compreendem. No Brasil, isso pode ser alcançado por um foco cientificista aplicado ao currículo escolar apresentado pela União em 2015. Cabe, ainda, uma valorização de comissões de ética, como a CONEP, por meio de recursos federais, para que ampliem sua divulgação e eficácia, alertando assim, ambos cientistas e população dos problemas éticos enfrentados hoje. Dessa forma, a ciência se fará mais ética.