O processo adotivo no Brasil tem possibilitado novas oportunidades a crianças órfãs e abandonadas, restituindo-lhes uma base e um afeto familiar. Entretanto, tal processo enfrenta diversos desafios. Observa-se que há uma oferta numerosa de famílias interessadas em adotar, comparada ao número de crianças disponíveis para adoção. Apesar disso, os centros adotivos ainda carecem de famílias adotantes. Essa aparente contradição é decorrente de vários motivos. Os adotantes quando escolhem, fazem a partir de um método análogo à escolha de uma mercadoria numa loja, isto é, escolhem aquela criança que possui melhores qualidades, rebaixando o valor existencial humano a um produto comercial. Outrossim, aliado a essa seleção, surge o preconceito racial, tendo em vista que as crianças adotadas são, principalmente, caucasianas, sendo consequência, portanto, de um ideal errôneo e arcaico de superioridade racial. Desse modo, essa escolha rígida e racista faz com que ainda existam crianças abandonadas em centros adotivos. Além desses fatores, há também o preconceito e a exclusão em relação aos homossexuais. Casais homoafetivos que desejam construir um núcleo familiar mais complexo, acham a adoção como uma opção viável. Contudo, são alvos de humilhação no meio social, devido a uma mentalidade excludente da sociedade que considera válida apenas uma família constituída de uma casal heterossexual. São alvos, também, de uma legislação ineficaz em relação a esses casos. Destarte, a adoção traz conquistas se vista como benfeitora a crianças carentes, no entanto, para que esses benefícios sejam ampliados, é necessário banir uma seleção comercial e preconceituosa presente no processo adotivo. Sendo assim, a sociedade deve conscientizar-se do valor existencial de todos os humanos, libertando-se de preconceitos e aceitando novos conceitos de família baseados na diversidade. Ademais, é dever do Estado estabelecer ideais de inclusão nas escolas, através de suas instituições de ensino, e assegurar os direitos e a liberdade de casais homoafetivos, por meio da criação de novas leis mais eficientes. Dessa maneira, haverá uma maior igualdade nas adoções e uma construção de uma sociedade mais inclusiva e igualitária.