Título da redação:

Um elo de esperança

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 25/06/2016

Ao analisarmos o processo de adoção no Brasil, é notório um certo descompasso entre os dados que se tem conhecimento. De fato, há uma grande fila de crianças e adolescentes a espera de um lar. No entanto, há também uma fila maior ainda de potenciais famílias para recebê-las. Desse modo, tem-se uma incoerente estatística que pode ser explicada por diferentes fatores que regem a sociedade brasileira atual. A princípio, é fundamental salientar o motivo da perpetuação desses dados dissonantes. Das mais de 5 mil crianças para adoção 87% tem mais de 5 anos, faixa etária que é aceita apenas por 11% dos mais de 30 mil pretendentes. Esses fatores aliam-se a exigências físicas, como a preferência por crianças brancas, sendo que 67% não tem essa característica. Tais dados evidenciam a manutenção do embranquecimento social, que acentua o racismo e não favorece o processo adotivo. Ademais, o procedimento de adoção é considerado lento devido aos entraves burocráticos presentes na legislação. Entretanto, a lentidão é conveniente a ambos os lados uma vez que, adotar uma criança não é uma iniciativa banal e deve ser muito bem planejada e concebida para que não ocorra erros ou frustrações. Deve-se assegurar à criança uma família estável e com condições para contribuir na formação pessoal e social, impedido maus-tratos e abusos. Por se tratar, em sua maioria, de crianças rejeitadas pelo seu primeiro vínculo afetivo a adaptação social é complexa. Outrossim, o atual cenário brasileiro para a adoção tende a piorar com a proposta do Estatuto da Família que tramita na Câmara dos Deputados. Segundo ele, família só é configurada com a união entre um homem e uma mulher. Na prática, tal medida impede que casais homossexuais entrem com o processo de adoção. Por consequência, haverá menos possibilidade de adoção de crianças que são duplamente rejeitadas, a primeira pelos pais e a segunda pelo tradicional e preconceituoso posicionamento de uma parcela significante da sociedade. Conclui-se, portanto, que o principal empecilho para adoção é o próprio pensamento arcaico dos indivíduos. É preciso estabelecer campanhas governamentais expondo a real necessidade de candidatos a acolher, acima de tudo, crianças, independentemente de cor, raça ou idade. Cabe ao Legislativo não restringir a nova conformação familiar, mas sim assegurar por meio de leis a igualdade de direitos e promover adoção entre todos que estiverem aptos para isso. Há também a possibilidade de um acompanhamento das famílias adotivas por meio de programas sociais provendo a assistência necessária. Adotar é rejeitar ignorância e aceitar amor.