O processo de adoção no Brasil ainda é um desafio a ser enfrentado e incentivado. No entanto, ao contrário do que muitos pensam, o maior problema não é a falta de casais que queiram adotar, mas sim a enorme dificuldade que as pessoas precisam enfrentar para conseguir a adoção de crianças, além das muitas exigências fenotípicas feitas pelos adotantes. Em primeiro lugar, é necessário falar sobre o grande empecilho e burocratização que as famílias enfrentam para a adoção. Para Bárbara Toledo, segunda vice-presidente da Associação Nacional dos Grupos de Adoção, o principal problema é que o ECA determina que a adoção seja o último recurso, tendo como prioridade a tentativa de reintegração da criança à sua família biológica. Isso acaba criando uma longa fila de espera no processo adotivo e desencorajando muitos casais. Outro fator que contribui para esse processo se tornar ainda mais lento é a exigência por características específicas das crianças que estão na fila para adoção. Apesar de que para cada criança na fila haja seis famílias, a grande procura é por recém-nascidos e de pele clara. No entanto, bebês da cor branca não são a maioria. As crianças doentes ou que tiveram algum problema com drogas também são desprezadas. Sendo assim, fica evidente que o maior problema no processo de adoção no Brasil é a enorme burocratização e as exigências dos que procuram por crianças. Para tentar reverter esse quadro, é necessária a diminuição de empecilhos desse processo, além de atualizar o ECA para que resulte numa maior agilidade na fila de espera. Ademais, a construção de uma nova postura na adoção também deve ser levada em consideração. A mídia, com seu papel de construção de valores e as ONGs especializadas na problemática devem promover campanhas para a adoção de crianças de etnias, raças e com idades mais elevadas. Dessa forma, tornaria o processo mais ágil e justo com aqueles que não tem o convívio familiar.