O povo brasileiro foi construído pela influência de inúmeras culturas. Dentre estas, as comunidades africanas, indígenas e europeias se destacam; formando assim, a matriz tupiniquim. Apesar da ampla miscigenação da população do Brasil, não houve a formação de uma consciência dessa pluralidade e sua falta reflete pertinentemente no processo de adoção no país. De fato, o crescimento no número de adoções no Brasil, é uma vitória. A recente desburocratização do processo referente, deflagrou no crescimento significativo de perfilhações, considerando um dos fatores de otimização, a diminuição do tempo gasto no procedimento. Segundo dados do CNJ - Corregedoria Nacional de Justiça, em 2012, a taxa de adoção subiu 30% em relação ao ano anterior. Nesse sentido, nota-se que há uma mudança em relação aos indivíduos dispostos a adotar, no entanto, a grande maioria das crianças apadrinhadas correspondem a um estereótipo, o que evidencia as barreiras existentes e a dificuldade de se aceitar diferenças. Nesse ínterim, é válido ressaltar que as restrições impostas pelas próprias famílias corroboram para a manutenção da alta quantidade de crianças e adolescentes sem lar. A formação de uma cultura de adoção, fomentada principalmente pela mídia e padrões eurocêntricos, constrói padrões para as crianças que mais são adotadas, o que permite a questão atingir proporções enormes. Vide que pequenos que são negros, indígenas, pardos, deficientes e até mesmo adolescentes são marginalizados nesse contexto. Donde se conclui que apesar da taxa de adoção ter crescido, a priorização de bebês, sem qualquer tipo de deficiência e brancos confere ao processo aludido, um caráter desafiador. Fica claro, portanto, que é fundamental que haja o reconhecimento e aceitação da diversidade tupiniquim. Afim da melhoria do cenário supracitado, cabe à mídia em parceria com o governo, promover campanhas de conscientização acerca da realidade da adoção do Brasil, por meio de seus veículos de comunicação, utilizando-se de propagandas, novelas, reportagens, panfletos e filmes; com o intuito de desconstruir esse padrão que é o principal causador da problemática, mobilizando assim, a sociedade. Para que a longo prazo, haja mudança na realidade de milhares de crianças e adolescentes no país.