Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 28/08/2016

Segundo Olavo Bilac, ''uma criança é como o cristal e a cera, qualquer choque, por mais brando, a abala e comove''. Isso traduz a sensibilidade emocional que a infância carrega, de modo que os primeiros anos da vida são determinantes para formação moral, psíquica e cidadã do indivíduo. Dessa forma, é preocupante a postura de adotantes que utilizam critérios excludentes e individualistas ao adotar. Ademais, a objeção que homoafetivos enfrentam no processo adotivo é um impasse à possibilidade do órfão possuir uma família e se reinserir socialmente. No filme A estranha vida de Timothy Green, um casal infértil descreve em uma lista as características de um filho ideal e, posteriormente, encontra uma criança que se enquadra ao que foi desejado. Fora das telas cinematográficas, semelhante acontece, uma vez que a adoção não é encarada como um meio para reinserção social do infante e sim uma forma de atender a anseios individualistas dos adotantes. Prova disso é que, de acordo com dados do Conselho Nacional da Justiça, no Brasil, há 5.624 crianças que podem ser adotadas e para cada uma há seis adotantes. Mas, o que impede esse ato são os critérios adotados: raciais, sexo, idade, em virtude da maioria dos abandonados não se encaixarem nessas exigências. Essa postura, entretanto, exclui e impacta negativamente órfãos que, devido ao histórico de abandono,já se encontram emocional e psicologicamente vulneráveis e deslocados socialmente o que, sem cuidados, pode resultar em adultos violentos com dificuldade de comunicação e socialização. Outrossim, a partir da década de 1960, o Brasil viveu uma explosão demográfica. Modernamente, mesmo com a redução das taxas de natalidade, ainda há uma incidência expressiva de nascimentos nas camadas pobres, resultando, por vezes, em abandono. Nessa conjuntura, é algoz o projeto de lei proposto em 2015 que visa impedir a adoção por homossexuais. Isso porque é mais um empecilho às crianças que se encontram no orfanato em números avultantes, visto que diminui a possibilidade delas encontrarem uma família que as ajude a se inserirem socialmente. Em síntese, as restrições dos adotantes bem como as objeções contra a adoção por homossexuais são impasses aos órfãos. Diante disso, é necessário incentivar uma cultura de adoção voltada, em primeiro plano, à criança. Para tanto, é necessário que o Governo crie propagandas, que serão divulgadas na TV e internet, e palestras, nos institutos educacionais e nos locais de adoção, conscientizadoras da importância da adoção para crianças e de que a sexualidade do adotante não influencia moralmente os adotados. Além disso, o Ministério da Saúde deve oferecer acompanhamento psicológico aos pais adotivos e aos adotados bem como às crianças ainda órfãs.