Hoje, no Brasil, milhões de crianças esperam para serem adotadas. O primeiro motivo a ser pensado para a causa do elevado número de garotos e garotas em orfanatos seria a falta de adotantes, mas não é o que ocorre. Dados comprovam que para cada criança na fila da adoção há seis possíveis famílias. A questão estabelecida é: se sobram adotantes para as crianças, então quais são os desafios para a filiação ocorrer? Com certeza, uma das principais causas está a de garotos e garotas na fila de adoção “não se encaixarem” na silhueta desejada pelas possíveis futuras famílias. Números mostram que aproximadamente 87% possui mais de 5 anos e só 11% dos possíveis procriadores aceitam isso. Outro impasse é o racial: cerca de 68% não brancos e 26,33% só aceitam a pele clara. Além da significativa exigência no quesito “perfil” das crianças a serem adotadas por parte das famílias adotivas, há também o fato da rigidez do estatuto no momento de aceitar os futuros pais. Eles devem comprovar a sua estabilidade, além de renda e comprometimento, e isso muitas vezes leva muito tempo e acaba por dificultar a adoção. Portanto, o desafio estabelecido na adoção de crianças não está na falta de famílias querendo retirá-las de orfanatos, mas sim na exigência por parte dos possíveis futuros pais e pelo rigoroso estatuto. Uma evolução na agilidade por parte da justiça brasileira para resolver questões como essa o mais breve possível seria a melhor maneira de diminuir o número de meninas e meninos, negros ou brancos, recém-nascidos ou mais velhos nas orfandades do país.