O Brasil possui mais de 30 mil pessoas interessadas em adotar uma criança e cerca de 5,6 mil menores aguardando por um lar. Na teoria existem seis famílias para cada menor a ser adotado, mas na prática, diversos desafios impedem que essas ações sejam concretizadas. As batalhas do processo adotivo no Brasil começam com preconceito das pessoas quando acreditam que aqueles que vivem em abrigos e orfanatos podem ter desvios de caráter ou conduta. Crianças agem de acordo com o que vivem, mas são seres em construção e aprendem através do exemplo. Outro problema enfrentado está na demora dos trâmites legais que é bem maior que os nove meses de gestação e pode durar anos devido à falta de uma política efetiva e à existência de uma legislação deficitária. As barreiras são muitas, mas talvez a maior delas seja a preferência de alguns adotantes por bebês, brancos e do sexo feminino, quando a maioria das crianças à espera de uma família são negras. Muitas vezes a escolha por esse perfil está relacionada a busca por supostas semelhanças físicas entre os possíveis pais e filhos e também à possibilidade de ocultar a origem da criança da sociedade e até mesmo dela. É fato que o processo de adoção no Brasil obteve grandes conquistas como o aumento do número de famílias interessadas, a conscientização em relação à cor e idade e até mesmo campanhas de incentivo com depoimentos de pessoas que têm filhos adotivos. Porém, a luta para diminuir o número de menores em busca de um lar ainda tem um longo caminho a seguir. Para vencer os desafios ainda existentes na regulamentação das adoções é preciso que o Estado se empenhe em priorizar a causa e amplie o número de profissionais da área, como juízes da vara da infância e da juventude, assistentes sociais e psicólogos, a fim de agilizar os trâmites legais, ouvir as partes interessadas com maior rapidez e assim, fornecer o tão sonhado registro que direcionará um novo filho à sua nova e esperada família.