A Constituição Brasileira de 1988 diz entre os pilares da cidadania, que toda criança e adolescente deve ter acesso ao lazer, educação e segurança como direito fundamental. Porém, quando a família biológica deixa de oferecer quaisquer um desses direitos é dever do Estado intervir. Uma das formas de assegurar o cumprimento da lei é o processo adotivo, que tornou-se menos burocrático porém ainda enfrenta barreiras quanto a idade e raça das crianças. No Código Civil Brasileiro de 1916 já se tratava sobre o ato de adotar. Nesses cem anos que se passaram, o processo tornou-se mais rápido, menos burocrático e amparado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), juntamente com a Constituição Federal de 1988. Em suma, a maior parte das crianças enviados aos abrigos, são marginalizadas por terem seus direitos mais básicos perdidos. Muitos casais fazem planos familiares incluindo adoção com a ideia de ter um bebê para passar todos os momentos do crescimento juntos, desde noites acordadas aos primeiros passos e palavras. Contudo, apenas 6% das crianças aptas à adoção têm menos de um ano de vida (idade preferível da maioria que anseia adotar) e majoritariamente não são brancas. Nesse sentido, a criança já desamparada pela família biológica, sofre mais uma vez ao ser renegada novamente. A idealização de crianças por cor e idade é comum. Todavia nem sempre é preconceito e sim falta de informação ou conhecimento emocional para os futuros pais lidarem com crianças que já conseguem relatar experiências sofridas. Como resultado, essas famílias encaram situações em que não sabem como agir e lidar sentindo-se muitas vezes incapazes. Para combater o medo e a idealização da adoção, campanhas de conscientização e preparação aos aspirantes a pais devem ocorrer já no momento em que procurarem o Cadastro Nacional da Adoção (CNA), dando as ferramentas e a possibilidade de conversar e aprender sobre como é adotar uma criança mais velha. Essas campanhas devem ser seguidas de acompanhamento com conselheiros tutelares sempre que os pais necessitarem, tirando-lhes dúvidas e incertezas. Assim, ano após ano teremos um aumento de crianças mais velhas sendo adotadas.