Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), para cada criança na fila de adoção há seis famílias interessadas. Entretanto, tal proporção é incoerente e evidencia o quão o racismo ainda está arraigado na sociedade brasileira, pois 26,33% dos futuros pais adotivos só aceitam crianças brancas. Como agravante para tal impasse, há também uma preferência por crianças mais jovens, apenas 11% das famílias aceitam crianças maiores de cinco anos. Outrossim, os futuros pais adotivos estabelecem expectativas sobre as características físicas das crianças como se elas fossem mercadorias a serem adquiridas, quando na verdade, são seres humanos como qualquer outro. De modo que tal equiparação do ser humano com uma mercadoria constitui um verdadeiro ataque aos direitos humanos, além de evidenciar uma herança escravocrata, ao qual tem origem no período colonial brasileiro quando os negros foram subjugados como mercadorias. Como disse Martin Luther King "O que afeta diretamente uma pessoa, afeta a todos indiretamente". Um jovem que tenha passado a sua infância e adolescência em um orfanato tem mais propensão a desenvolver problemas no futuro, devido à falta de carinho na infância e ao sentimento de abandono. Muitas vezes esse problema individual pode tornar-se coletivo, pois o jovem pode ter em sua mente um sentimento de vingança para com a sociedade. Entende-se, portanto, que para solucionar tal impasse, é necessário que o Ministério da Cultura juntamente com a Secretaria de Políticas de Igualdade Racial crie propagandas televisivas de combate ao racismo e estímulo à adoção sem visar características físicas específicas, as quais serão exibidas no horário de concessão. Além disso, é necessário que os futuros pais adotivos consultem-se obrigatoriamente com psicólogos ligados aos orfanatos para desconstruir qualquer expectativa sobre as características físicas da criança.