A dificuldade encontrada com relação aos processos adotivos no Brasil ainda é um impasse a ser resolvido. Enquanto há um número elevado de famílias interessadas, existe, em contrapartida, um valor demasiado reduzido de jovens na fila de adoção. A cor da pele dos que estão à espera na fila e o perfil desejado pelos adotantes faz com que esse estorvo seja ainda mais complexo e trabalhoso de emergir uma solução eficaz e peremptória. Estima-se que, para cada uma criança à espera do acolhimento, existem, pelo menos, seis famílias interessadas. O empecilho, contudo, está na idade dos jovens e, outrossim, na cor da pele: a grande maioria possui mais de cinco anos e estima-se que 67,8% dos jovens têm a pele escura – ou seja, a maior parte não tem um perfil desejado pelos adotantes, já que estes cobiçam crianças menores de um ano e não negras, corroborando, dessa forma, para mais problemas com o sistema de adoção do país, além de contribuir com a superlotação nos orfanatos. Ademais, observa-se uma inflexibilidade do Poder Judiciário no que diz respeito à diferença de idade entre o adotante e o adotando: segundo a lei 8.069/90 §3º “o adotante há de ser, pelo menos, dezesseis anos mais velho do que o adotando”, ou seja, um casal de 25 anos que almeja fazer o acolhimento de um jovem de 17, fica impossibilitado pelo simples fato de a diferença de idade ser ínfima. Dessa forma, o casal tem de recorrer à adoção de crianças mais jovens, sendo que apenas 6% estão aptas a serem acolhidas o que contribui, novamente, para mais impasses com sistema de adoção no Brasil. Deve-se entender, pois, que a adoção é uma ação indulgente, mormente para o adotando, pois este poderá, enfim, ter uma vida mais digna, com mais chances de ascensão e com uma família que decerto irá respaldá-lo e, também, fazer o possível para que tenha sucesso na vida. Segundo René Descartes, não existem métodos fáceis para solucionar problemas difíceis. Destarte, para se conseguir resolver o estorvo do sistema de adoção no Brasil, tem de haver projetos de extensão das faculdades de Direto com ciclos de palestras abertas à comunidade sobre o tema; campanhas midiáticas com apoio do governo e de ONGs objetivando a sensibilização da população; e outrossim, palestras escolares buscando extirpar essa preferência que existe na busca por crianças brancas e com menos de um ano de idade.