A adoção de menores de idade sem condições estruturais-familiares é um gesto nobre que contribui enormemente para maior justiça social. O Brasil, embora tenha melhorado seus índices socioeconômicos durante as últimas décadas, ainda possui grande quantidade de crianças aguardando ansiosamente a oportunidade de obterem uma nova família. Felizmente, a fila de espera composta por novos pais em potencial cresce constantemente, mas algumas restrições de preferência acabam estagnando o processo. Tais restrições fundamentam-se principalmente na faixa etária: a maioria das famílias que se cadastram nos programas de adoção solicitam crianças de no máximo dois anos de idade. Isso ocorre pois a expectativa de adaptação tende a ser maior quanto mais tenra for a idade do adotado. Entretanto, essa impressão pode ser questionada, pois crianças que esperam grande período de tempo até obterem a oportunidade de acolhimento em uma nova família tendem a valorizar muito quem fez a opção. Ademais, a alta procura por recém nascidos distorce o equilíbrio na oferta e demanda, gerando uma dificuldade cada vez maior para as crianças e adolescentes encontrarem famílias dispostas à adoção na medida em que o tempo passa. É importante, portanto, que os órgãos estatais responsáveis pelos trâmites burocráticos do processo de adoção empenhem-se em incentivar o acolhimento de crianças mais velhas, corrigindo essa distorção. Para isso ocorrer de forma efetiva, campanhas publicitárias de incentivo à adoção poderiam ser transmitidas nos principais meios de comunicação, por meio de parcerias entre governo e fundações privadas. Iniciativas semelhantes já existem em alguns estados, onde também ocorre a divulgação de imagens e entrevistas com os jovens que procuram novos lares. A ideia tem apresentado resultados satisfatórios e deveria ser posta em prática em todos o país, reduzindo assim a falta de interesse por menores um pouco mais velhos. Outra medida importante, embora bastante polêmica, é a necessidade que os legisladores possuem de discutir a proibição do aborto, o que certamente diminuiria os casos de menores abandonados, caso fosse extinta a sua ilegalidade.