O direito à adoção está previsto na Constituição Federal de 1988 e tem como intuito proporcionar o bem estar de crianças e adolescentes. No entanto, é sabido que no Brasil hodierno se torna cada vez mais difícil a adoção, tanto pelos requisitos impostos pelos adotantes quando pelos requisitos impostos pelo Estado. Mormente, ao avaliarmos a situação por um prisma histórico cabe destacar que, no Brasil existe uma grande miscigenação devido à grande quantidade de imigrantes que recebeu durante o período colonial, com a chegada dos portugueses e dos escravos africanos. Destarte, a idealização da criança perfeita para a sociedade é um fator negativo nos casos de adoção, visto que a preferência é por crianças brancas e 65% das crianças disponíveis são negras ou pardas. De acordo com Albert Einstein, ao menos que modifiquemos a nossa maneira de pensar, não seremos capazes de mudar a maneira como nos acostumamos a viver. Sob tal ótica, é notório que a sociedade se torna negligente na medida em que discrimina alguém por sua cor ou idade, e assim, fica claro que se não mudarmos esse pensamento, não será possível mudar o caso de 5,6 mil crianças que vivem em abrigos. De acordo com Thomas Hobbes, "O homem é o lobo do homem" (Homo Homini Lupus), sendo assim, o Estado é um mal necessário para que a estabilidade entre os homens seja alcançada. Nessa perspectiva, cabe ainda ressaltar que Émile Durkheim assegura que há problemas na sociedade devido às falhas das instituições responsáveis por manterem o controle. Analogamente, ao associarmos esses pensamentos, notamos que é indubitável que a questão dos requisitos impostos pelo Estado dificulta a adoção de crianças e adolescentes. Assim sendo, o caso da diferença de 16 anos entre os adotantes e o adotando, dificulta a adoção de maiores de sete anos (92% tem entre 7 e 17 anos) por casais mais jovens. Por conseguinte, é válido ressaltar que países escandinavos, como a Noruega têm investimento estatal em abrigos para órfãos maiores que o do Brasil, o que influencia para que o país seja considerado o mais feliz do mundo pelas Nações Unidas. Portanto, torna-se evidente que é preciso mudanças. Logo, cabe ao Poder Público, formular leis que priorizem um aumento das adoções de crianças e adolescentes no país com o intuito de garantir o bem estar deles. Ademais, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome deve melhorar a qualidade dos abrigos disponibilizados para os adotandos a fim de promover a qualidade de vida. Outrossim, o Ministério da Educação deve intervir por meio da realização de palestras nas escolas para pais e alunos abordando a importância de adotar pessoas maiores de sete anos, com a finalidade de causar questionamentos nas pessoas, pois, como proferido por Karl Marx “As inquietudes são a locomotiva da nação”.