Mais do que suprir o desejo de candidatos à condição paterna, a adoção visa atender o direito constitucional da criança à convivência familiar. Apesar desse respaldo jurídico, a incompatibilidade entre perfis cadastrados e idealizados bem como a burocratização dos processos são desafios à redução da espera por um lar. Segundo o Senado Federal, para cada criança pronta para adoção, há seis pessoas dispostas a acolhê-las. Entretanto, exigências quanto à idade e cor fazem com que não haja cruzamento de dados, tornando as crianças prisioneiras de um parâmetro ideal. Evidencia-se, com isso, o anseio adotivo do brasileiro regado por esteriótipos e preconceitos desconscientes do impacto gerado na vida dessas crianças e adolescentes. Ademais, a morosidade dos trâmites legais constitui um grande obstáculo ao processo adotivo no Brasil. Em vista disso, enquanto os requerentes passam por inúmeros protocolos dispendiosos, os menores padecem nas casas de acolhimento, das quais grande parte fogem e se dedicam, do lado de fora, ao crime e prostituição. Dessa forma, a viabilidade e fluidez dos processos adotivos são comprometidos para ambos lados- crianças e futuros pais. Tendo em vista tais aspectos, é necessário que o Ministério dos Direitos Humanos veicule propagandas nos canais televisivos a fim de sensibilizar, esclarecer e conscientizar a população sobre a adoção. Além disso, o Conselho Nacional de Justiça deve estabelecer medidas que agilizem a concretização do sonho dos menores. Pois, como afirmou Charles Péguy, escritor francês, a infância é o tempo de silenciosas preparações para uma nação.