No dia 25 de maio, comemora-se, no Brasil, o Dia Nacional da Adoção. Essa data visa a chamar a atenção da população para a importância do processo adotivo, o qual pode trazer conforto e alegria para diversas crianças e jovens. Contudo, apesar das conquistas promovidas nesse sentido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ainda é possível observar diversos obstáculos para que essa ação ocorra de forma mais efetiva e menos burocrática, sendo necessário análise e transposição dessa nefasta realidade. É preciso apontar, a princípio, o desafio dos padrões exigidos pelos adotantes. Cerca de 90% dessas pessoas busca adotar crianças de, no máximo, cinco anos de idade, usando o argumento de que o caráter do indivíduo acima dessa faixa etária já está quase totalmente formado em um local onde não há acompanhamento fidedigno, o que dificultaria a criação. Isso caracteriza, porém, um pensamento determinista e ultrapassado, no qual jovens sem família seriam problemáticos por definição. Além disso, há preferência por crianças brancas e não deficientes, por exemplo. Assim, fica claro que os paradigmas preconceituosos da sociedade constituem barreiras para o sucesso da adoção no país. Outrossim, é importante destacar os desafios da falta de estrutura dos centros de adoção e do poder público. O ECA prevê, no máximo, dois anos para tentar manter o indivíduo no convívio com a família de origem e, caso não seja possível, tornam-na apta para adoção. Todavia, a péssima infraestrutura dos abrigos faz com que as buscas por familiares sejam superficiais e o prazo estipulado, insuficiente, provocando o crescimento de muitas crianças nesses locais. Ademais, há uma quantidade escassa de juízes, psicólogos e assistentes sociais para efetivar os processos de perfilhação nas varas de infância, gerando uma fila enorme e longa espera, o que estabelece mais entraves para o sucesso do sistema adotivo. Fica evidente, portanto, que a adoção ainda precisa transpor muitos obstáculos para tornar-se um processo satisfatório. Logo, é mister que as ONG's, juntamente com a Mídia, quebrem padrões preconceituosos na sociedade através de campanhas conscientizadoras e ficções engajadas, visando ao fim das exigências discriminatórias para adotar. O Governo deve, por sua vez, investir na estrutura dos abrigos e das varas de infância, inserindo tecnologia e recursos para investigação e busca naqueles, e aumentando o número de profissionais nessas, a fim de suprir a demanda nacional. Destarte, o Dia Nacional da Adoção deixará de ser uma data para conscientização e comemorará o êxito do sistema adotivo no Brasil.