Título da redação:

O Tempo Não Para

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 21/06/2016

Segundo a música O Tempo Não Para, de Cazuza, "nas noites de frio é melhor nem nascer". Enquanto mais de 33 mil pessoas desejam ser pais adotivos, 5,5 mil crianças vivem à espera de uma nova chance. Isto mostra que há sérios problemas em relação ao processo adotivo no Brasil, que encontra vários critérios formados ao longo do tempo que precisam ser mudados, representando uma "noite" para os valores humanos. A problemática sobre a adoção no Brasil tem uma causa social. Muitas crianças, vítimas da negligência de cuidados, da violência e do abandono, precisam ser afastadas de sua família biológica por diversos motivos, entre eles a falta de recursos, o envolvimento com o crime, o trabalho infantil ou, ainda, na ausência dos responsáveis. Tais fatores são desencadeados pelas condições de pobreza, que não permitem um desenvolvimento saudável para os infantes. Estas, por sua vez, originam-se de um passado onde os escravos recém-libertos foram marginalizados a partir do final do século XIX. Esta exclusão histórica pode ser vista, ainda hoje, pelo grande número de crianças negras disponíveis para a adoção e pela aversão de cerca de 26% dos adotantes, que adotariam apenas crianças brancas. Mas a maior dificuldade em relação ao processo adotivo é a questão sexista e etária do adotado. A maioria dos indivíduos que querem adotar prefere crianças menores de um ano de idade, o que se mostra inviável, já que elas representam apenas 6% do total. Outro critério é a escolha de meninas em detrimento de meninos por motivos subjetivos, como a maior facilidade de criação, supõe-se. Entretanto, tais mentalidades são bastante danosas para todas elas que desejam ter uma família e percebem que, a cada ano, estão cada vez mais distantes da possibilidade de serem adotadas. Conclui-se que medidas estratégicas e conscientizadoras devem ser tomadas, atacando as causas e consequências deste impasse. É preciso investir em campanhas de distribuição de métodos contraceptivos à população carente e de risco. Também é necessário conscientizar o público geral sobre a adoção tardia através de propagandas e novelas. Por fim, deve-se salientar que este é um processo que beneficia ambas as partes, adotante e adotado. Logo, faz-se necessário mudar o pensamento "atrasado" e limitante, afinal, o tempo não para.