Título da redação:

O fator preconceito no processo adotivo

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 15/10/2016

Apesar de ser um dos países mais miscigenados do planeta, o Brasil não consegue aceitar a diferença. Prova disso é a dificuldade de efetivação dos processos adotivos: mesmo que existam cerca de seis vezes mais pretendentes do que crianças disponíveis, a adoção no Brasil é dificultada pelas restrições impostas pelos adotantes, as quais são motivadas, especialmente, pelo preconceito, em suas variadas formas. A primeira e mais notável restrição é quanto a idade da criança. Há uma preferência por crianças ainda em sua primeira fase de vida, que explica-se na crença de que crianças menos jovens sejam menos sucessivas a determinadas educações ou morais. De acordo com dados do CNJ, apenas 6% das crianças disponíveis tem menos de um ano de idade, enquanto 87,4% tem mais de cinco anos, sendo esta faixa etária aceita por apenas 11% dos pretendentes. Comprova-se, portanto, essa preferência, o que deve resultar na inflação do número de crianças sem família, visto que a procura deve ser muito mais abundante pela menor parcela de crianças. Outrossim, há, no processo de adoção, uma seleção injusta, montada em preconceito, por parte dos pretendentes, a partir do fator racial. É comum o receio dos adotantes em escolher uma criança negra, no pensamento de que a criança venha a ser influenciada por suas origens, supostamente, problemáticas, e possa até refleti-las no futuro. O filme biográfico O Contador de Histórias comprova que tal fator, no entanto, não deve ser um empecilho na adoção, ao retratar a história verídica de uma criança negra, que viveu o auge de sua infância na marginalidade, foi adotado, vindo até a se tornar um notável pedagogo na atualidade. Fica clara, portanto, a relação do preconceito com os desafios do processo adotivo, assim como a urgência de uma solução. A mídia deve chamar a atenção do problema através de histórias e reportagens que apelem para a consideração da população, evidenciando a necessidade das crianças, até então preteridas, de um âmbito familiar e relações compassivas, objetivando a desconstrução do preconceito. De modo a garantir a justiça no processo, o Conselho Tutelar deve-se fazer presente de forma integral. Espera-se, assim, a evolução do processo de adoção.