O desejo dos pais não pode sobressair as necessidades de crianças e adolescentes abrigados, tendo em vista a importância da assistência familiar em consonância com a dificuldade de “romper” paradigmas preconceituosos ainda existentes no Brasil. No que se refere à assistência familiar, a educação é um componente fundamental na vida de um jovem, já que estabelece a inserção de experiências, ou seja, há uma espécie de exemplo a ser seguido, que influencia a formação de identidade do indivíduo na busca de uma vida digna, longe do crime e das drogas- caminhos comuns quando não há apoio de uma família. Vale também ressaltar o preconceito ainda presente na sociedade- nos pais, nesse caso-, cuja preferência por crianças brancas prejudica psicologicamente os jovens, inserindo uma ideia de “superioridade” que não existe, decorrente da história dos negros escravizados desde a expansão marítima, na qual a libertação séculos depois não trouxe dignidade, mas “exclusão social”, isto é, houve o abandono sem melhores condições de vida, o que influenciou muitas vezes nas práticas criminosas. Contudo, o julgamento prévio ainda persiste, evidenciando a transmissão a cada geração. O processo adotivo, portanto, precisa de medidas para melhorar a eficiência. Assim, faz-se necessário retificações no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), porque burocratiza a busca de assistência familiar adotiva, estabelecendo como último recurso. Além disso, a difusão em projetos governamentais também seria importante, evitando o abandono, reduzindo índice de natalidade e incentivando a adoção sem preconceito.