Em um processo seletivo, é levado em conta todas as qualidades e os defeitos do candidato, bem como as vantagens e os prejuízos que ele pode vir a trazer. Não seria nenhum absurdo comparar o processo de adoção não só no Brasil, mas no mundo inteiro, com a situação apresentada. As crianças estão sofrendo cada vez mais com os parâmetros ditados da sociedade e com as consequências que essas regras acarretam. Obviamente, tomar a decisão de adotar alguém não é fácil; requer preparo mental, físico, social e econômico, afinal, é a vida de uma pessoa que está em jogo. Sendo assim, muitas famílias tendem a procurar pela criança que mais se encaixe no perfil desejado, e é isso que, muitas vezes, causa uma imensa desigualdade e discriminação. De acordo com o CNJ, Conselho Nacional de Justiça, apenas 6% das crianças aptas a adoção possuem menos de um ano, a faixa etária mais procurada pelos adotantes, por diversos motivos e fatores, tais como; facilidade de criação, de educação e de adaptação. Porém, deve-se olhar para as demais crianças que não se encaixam em tal perfil. A grande maioria provém de estruturas familiares conturbadas, possuem feridas psicológicas e necessitam de muito amor e compreensão, além disso, há também aquelas que sofrem de doenças crônicas e precisam de acompanhamento médico constante. Todos esses fatores são condicionantes para os casais adotantes, fazendo uma verdadeira seleção natural no processo adotivo. O dia nacional da adoção é comemorado em vinte e cinco de maio e muitas instituições públicas promoveram a adoção tardia, que consiste em dar uma nova chance àquelas crianças que não são tão novas, tendo a faixa etária de um ano para cima. Essas crianças poderiam ter mais uma oportunidade de possuir uma família, de possuir um futuro diferente da qual elas provavelmente teriam se não fossem acolhidas por ninguém. É uma campanha realmente interessante e que pode resolver muitos problemas futuros, como a criminalização e o aumento da violência. Diante disso, órgãos do governo deveriam começar a dar mais atenção a adoção, aplicando ações que ajudem a mudar a mentalidade e a preferência das pessoas, além disso, deve tentar auxiliar as crianças órfãs o máximo possível também, dando-lhes e oferecendo-lhes todos os seus direitos como cidadãos. O Ministério da Cultura poderia abrir centros comunitários de canto, dança, teatro e outras práticas para que as crianças possam ter a oportunidade de construir uma mente e consciência crítica e íntegra, ajudando também no processo de socialização das mesmas. Quanto ao Ministério da Educação, ele poderia visitar os orfanatos do país e confirmar se todas as crianças frequentam a escola, levando em conta que escolarização e educação é um direito básico delas. A sociedade também deve fazer sua parte; nenhuma criança é melhor que a outra, todas são vítimas de algo que ocorreu em suas vidas e por isso estão ali, todas apenas precisam de carinho e atenção, todas necessitam apenas de amor.