Título da redação:

Do abrigo ao lar

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 09/10/2016

A adoção é uma iniciativa de generosidade e de amor, que permite às crianças sem lar se integrarem a um ambiente familiar. Infelizmente, o processo de adoção no Brasil apresenta uma situação-problema complexa, no sentido de que revela uma antítese entre um grande número de adotantes e um alto percentual de crianças que não são adotadas. Argumentos que comprovam essa antítese são as restrições impostas pela maioria dos adotantes e a burocratização de todo o processo. Primeiramente, observa-se que existem muitas crianças aptas à adoção que não são escolhidas pelos adotantes por não se enquadrarem no perfil desejado de cor ou idade. Ou seja, o alto nível de exigência e seleção dos futuros pais adotivos revela-se como um grande entrave à redução da fila de crianças que aguardam um lar. Nesse ponto, pode-se interligar a preferência por crianças mais jovens, brancas e sem deficiências a um perfil de sociedade que mantém uma intolerância às minorias, de forma velada. Por outro lado, este não é o único problema dos processos de adoção no Brasil. Ainda há uma intensa burocracia nesses procedimentos, como a necessidade de se comprovar matrimônio ou união estável nos casos de casais adotantes, por exemplo, o que dificulta muito que uma adoção seja realizada de maneira mais rápida e descomplicada. Este fator faz com que muitos adotantes em potencial desistam do processo, e outras pessoas que possuem a intenção de adotar nunca cheguem a tomar a iniciativa. Portanto, é preciso combater as dificuldades que impedem a efetivação das adoções. Para tanto, o Ministério da Infância e Juventude e os orfanatos devem preconizar a adoção por parte daqueles casais já cadastrados e que não impõem restrições. Isso deve ser feito por meio de uma convocação desses casais para comparecerem aos orfanatos e darem início a adoção, seguindo um modelo mais simplificado. Essa medida visa reduzir a fila de espera e viabilizar a adoção das crianças cujos perfis não são o majoritariamente aceito. Além disso, esse mesmo Ministério deve veicular uma campanha midiática em seu próprio site, na televisão e nos jornais, mostrando algumas crianças disponíveis para adoção e os respectivos números de contato dos orfanatos onde se encontram. Uma ação como essa objetiva disseminar a cultura da adoção para milhares de brasileiros e incentivar esse gesto. Ainda compondo essa campanha, deve ser criada uma Central telefônica de Atendimento para Adoção (CAA), com a qual seja possível tirar dúvidas e fazer esclarecimentos sobre quaisquer assuntos referentes à adoção, como requisitos e endereços de orfanatos, assim como sobre o andamento de processos já iniciados pelos adotantes. Em suma, esse conjunto de medidas demonstra uma alta factibilidade para promover o encontro entre tantas crianças e adolescentes com o tão sonhado lar.