Título da redação:

Adoção e a esperança de um lar

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 17/06/2016

As crianças passaram a ser vistas como tais a partir do século XX com o surgimento de leis que reconheciam a sua fragilidade e seus direitos básicos. Assim, foi-lhes concedida maior proteção sob julgo da lei. Porém, o número de indivíduos abandonados e colocados para a adoção ainda é grande. Esta prática, se não fosse repleta de favoritismos e de preferências, poderia auxiliar essas crianças e garantir-lhes o essencial para a vida. O histórico escravocrata do Brasil criou uma sociedade repleta de preconceitos. A grande maioria dos indivíduos encaminhados para a adoção possuí origens marginalizadas e humildes. Uma boa parcela deles é de cor negra e é a mais rejeitada pelos possíveis pais adotivos. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, 67,8% das crianças não são brancas e 26,33% dos candidatos só adotam as que possuem pele clara. A discriminação e o medo da rejeição da sociedade estão implícitos nas escolhas dos possíveis pais, prejudicando aqueles que mais precisam de uma família. A idealização do filho perfeito é um obstáculo para dar a essas crianças um lar. A grande maioria dos candidatos, além da preferência pela cor, optam por bebês ao invés de indivíduos mais velhos. A adoção tardia – para muitos, acima de dois anos – é a menos comum de todas, mesmo com tantos casais e pessoas que se dispõem a esse processo. Para cada uma criança, há seis adotantes disponíveis para ela. A parcela jovem da sociedade será aquela que fará parte de sua conjuntura como cidadãos dotados de direitos e de deveres. A necessidade de conceder-lhes o essencial para a vida é , em suma, para que se tornem pessoas capazes de respeitarem umas as outras, de exercerem um trabalho e, de foma autônoma, construírem as suas vidas. A adoção é um fenômeno ainda muito burocrático e repleto de idealização. As preferências étnicas e de faixa etária dos pais com relação às crianças dificulta, amplamente, que todas elas possam ter um lar. A facilitação desse processo, por meio de uma burocracia mais agilizada por parte dos Fóruns de Justiça e do Estado pode contribuir para que todas as crianças sejam adotadas. A conscientização dos possíveis pais – através das instituições de abrigo – quanto às necessidades e à atenção especial que esses indivíduos devem receber, pode auxiliá-los na compreensão da história de cada um deles e sensibilizá-los quanto à ideia de que são, independentemente da cor e da idade, seres humanos que precisam de um lar, de educação e principalmente de afeto.