Os chocantes casos, frequentemente vistos em jornais, de recém-nascidos encontrados em lixeiras, transmitem a rejeição que diversos jovens sofrem pelas pessoas em quem mais confiam. Há situações, cujos rejeitados são encaminhados para orfanatos, onde continuam até a maioridade. Da mesma maneira, existem pessoas que optam por adotar e permanecem na fila de espera durante anos. Isso ocorre, pois, há uma disparidade entre o filho idealizado e a realidade das crianças disponíveis. O abandono de menores é um crime recorrente no Brasil e tem como uma de suas principais causas a falta de condições financeiras e psicológicas dos transgressores, cuja perspectiva é fazer com que suas proles encontrem lares melhores ou apenas ficar livre de uma responsabilidade. Esse tipo de atitude apenas torna o processo de adoção mais burocrático, transformando o tempo de espera para que a criança esteja disponível, num período muito longo. Durante esse intervalo, os menores crescem e a probabilidade de serem adotados fica remota, já que uma das maiores exigências dos adotantes é que se tenha, em média, um ano de idade. As condições impostas pelos futuros pais são, também, de cunho racista, visto que fazem restrições quanto à raça, o que limita muito a quantidade de possíveis adotados. Fica evidente, portanto, que o impasse está relacionado à problemas estruturais. Por conseguinte, os ministérios da saúde e da educação devem intensificar campanhas sobre contracepção, visando diminuir a taxa de nascimentos não desejados. Outrossim, o judiciário precisa facilitar o processo de adoção, disponibilizando as crianças de forma rápida. Por outro lado, é de extrema importância que ONG’s especializadas na problemática mobilizem psicólogos para acompanhar as famílias pretendentes, com o fim de desconstruir preconceitos. Só assim, os pequenos, que vivem à mercê da própria sorte, serão poupados da exaustão e terão os seus direitos assegurados.