Título da redação:

Acolhimento ou seleção de caprichos?

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 23/06/2016

Sabe-se que o processo adotivo no Brasil é resultado da recente Lei 8069/1990, do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Nesse contexto, ainda que haja muitos pretendentes à adoção (o que traz esperança para o público que está à espera da adoção), muitos desses são tão criteriosos na escolha que deixam de adotar filhos em potencial. Isso ocorre não só pelo medo apresentado pelos adotantes de escolher uma criança com algum problema, mas também devido à preferência que manifestam por crianças brancas. Observa-se que grande parcela dos brasileiros pretendendo adotar manifesta interesse por filhos com boas condições psicológicas. De fato, a maioria dos futuros pais opta por adotar crianças quase sem nenhum contato com a família biológica. Exemplo disso é que cerca de 70% dos mais de 30 mil pretendentes à adoção preferem um público infantil de até três anos de idade, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Como consequência, das mais de cinco mil crianças aptas à adoção, apenas pequena parcela atende a esse requisito, o que leva o restante das crianças ao quase que esquecimento. Além disso, muitos dos potenciais pais, por apresentarem vários critérios para a escolha de seus filhos, manifestam preferência preconceituosa por crianças brancas em detrimento das negras. Com efeito, o perfil europeu de população continua sendo sobreposo ao afrodescendente. Basta observar que pouco mais de 26% dos mais de 30 mil pais esperando para adotar, segundo o CNJ, só aceitam crianças brancas. Tudo isso gera aumento no número de crianças sem família; consequência essa que se contrapõe aos vários avanços na Lei do ECA que asseguram a boa fluência do processo adotivo. Portanto, há muita criteriosidade na escolha dos adotandos, apesar de haver muitos pais disponíveis para adotar. Sendo assim, é preciso que o governo (aliado a ONGs) realize campanhas de conscientização, por meio da mídia, que provem que qualquer criança tem potencial de ser adotada, ensinada e ajudada a conviver bem em sociedade.