Título da redação:

Abrindo as cortinas

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 16/06/2016

Em 2009, a jornalista da Rede Globo, Glória Maria adotou duas meninas negras que residiam na Bahia, quebrando o paradigma que muitas famílias ainda têm sobre a adoção. No Brasil, essa realidade é um pouco diferente, pois existem mais pessoas querendo adotar do que crianças a serem adotadas, o que levanta o questionamento do por que milhares de crianças ainda estão nas ruas e em abrigos esperando pela adoção. As explicações são muitas e vão desde a idade até etnia. Primeiramente, deve-se entender qual o perfil desejado pela maioria das famílias que procuram pela adoção. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção (CNA) a preferencia é por crianças brancas, do sexo feminino com idade entre zero e três anos, em contrapartida, a grande maioria não se encaixam nesse perfil, apenas 3% atendem o requisito da maioria. Outro agravante a ser considerado é o de muitos que residem em abrigos possuírem um irmão (ã), pois o índice de pretendentes disposto à adoção de duas crianças de uma vez é muito baixo. A idade, portanto, seria um dos principais – se não o principal – impasse para que o processo de adoção não aconteça. Entretanto, obtivemos alguns avanços, como a questão racial, muitas das famílias cadastradas para o processo de adoção se mostram indiferente quanto à cor e a etnia. Cerca de 80% das crianças em abrigos não atendem ao perfil da maioria e desde 2010 o número de crianças fora dos padrões exigidos vem aumentando, mas muitos ainda pensam nos desafios que enfrentarão ao adotarem uma criança negra, como a exclusão social que terão no futuro. O processo adotivo é lento, podendo às vezes ultrapassar os cinco anos, o que leva a muitas crianças saírem dos abrigos e irem morar nas ruas, para os pretendentes a adoção esperar tanto tempo acaba tornando-se um obstáculo e acabam desistindo. Obtivemos avanços ao se tratar do preconceito racial, mas ainda deve-se melhorar a questão do acesso para que muitos menores saiam dos abrigos, mas não para as ruas e sim para um lar. É evidente, portanto, que a adoção brasileira sofreu avanços na questão racial, mas que ainda existe muitas barreiras a serem quebradas, principalmente na preferencia por crianças com idade abaixo de três anos. O poder público pode fazer campanhas para o incentivo de crianças fora dos padrões de exigência e fornecer diversas palestras explicando o processo adotivo, para que cada vez mais famílias deixem de exigir um perfil, ONGs podem disponibilizar profissionais dispostos a ajudar os candidatos à adoção e distribuir folhetins em jornais, fazendo propaganda desses serviços e a mídia pode propagar essa ideia divulgando mais notícias e mostrando em novelas o que acontece com os menores que não são adotados, aos poucos as cortinas se abrirão e cada vez mais os padrões serão quebrados.