Título da redação:

A adoção de crianças no Brasil

Tema de redação: O processo adotivo no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 09/10/2017

No começo da Idade Média, a intensificação das guerras e a falta de métodos para salvar a vida da mãe durante o parto, fez com que muitas crianças ficassem órfãs, recorrendo a abrigos sem infraestrutura adequada ou vivendo como mendigos, a margem da sociedade da época. Hoje, por mais que o Brasil tenha evoluído em relação a criação de orfanatos e abrigos infantis, ainda há muitas dificuldades enfrentadas pelas crianças e adolescentes que crescem sem uma família, tais como, discriminação, marginalização, problemas psicológicos, depressão e até suicídio. Dessa maneira, surge a problemática ligada a falta de adoção no país, que tem suas causas enraizadas na realidade brasileira, seja pelas altas exigências, seja burocracia estatal. É importante pontuar, de início, a escolha do perfil da criança como agravante da falta de adoção. De acordo com Albert Einstein, é mais fácil quebrar um núcleo de um átomo do que acabar com um preconceito enraizado. Nesse contexto, em uma sociedade marcada pelo racismo étnico como o Brasil, o processo adotivo se torna excludente, uma vez que, embora haja mais de 5.624 crianças aptas a serem adotadas, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça, apenas cerca de 11% dessas são, por se encaixarem no perfil exigido pelos futuros pais: serem brancas e terem até 5 anos de idade, enquanto 89% permanecem nos abrigos por terem mais de 5 anos e serem pretas, pardas e/ou indígenas. Dessa forma, nota-se que ainda há presente na sociedade o pensamento racista, que faz com que crianças diferentes dos padrões europeus continuem sendo excluídas e marginalizadas, dificultando a adoção delas por parte dos interessados. É fundamental pontuar, ainda, que a questão burocrática dificulta a concretização da adoção. Segundo dados do G1, o processo adotivo pode levar até quatro anos para ser concretizado e a nova família ser apta a ficar com a criança, além de que, em Belém, uma criança perdeu a chance de adoção pela demora da Justiça. Nesse sentido, percebe-se que a burocracia faz com que a euforia inicial dos futuros pais aos poucos acabe e que esses desistam do sonho de adotar um filho pela demora das questões legais. Logo, há a dificuldade de diminuir o número de crianças sem família, agravando o problema no país. Entende-se, portanto, que ações são necessárias para resolver o impasse. Por conseguinte, faz-se necessário que a mídia, juntamente ao Ministério das Comunicações, divulgue campanhas constantes, por intermédio dos meios de comunicação de abrangência nacional, que incentivem a adoção tardia no país e mostre a realidade social e psicológica dos órfãos para que o pensamento social e o preconceito sejam, aos poucos, descontruídos, e o indivíduo perceba a importância de uma família na vida da criança. Além disso, é necessário que o Governo Federal, amplie e facilite o processo burocrático de adoção, criando um novo Ministério que fique responsável apenas por checar os cadastros de adoção e para que esse, aliado ao Poder Judiciário, investigue mais rapidamente as condições sociais das famílias interessadas no processo de adoção, a fim de que a burocracia do processo adotivo seja mais rápida solucionada e não faça os possíveis adotantes desistirem da adoção. Assim, as dificuldades ligadas às crianças sem pais no Brasil poderão ser minimizadas.