Steve Jobs, empresário e fundador da Apple, defendia que todos os indivíduos ao redor do mundo deveriam dominar os recursos tecnológicos. Entretanto, hodiernamente, percebe-se que a lógica de Jobs se inverteu: a tecnologia é que domina o indivíduo, configurando um grave problema social. Assim, o tecnovício é uma questão em pauta no Brasil, que gera consequências como a fragilização das relações interpessoais e danos à saúde da população. Em primeiro plano, deve-se analisar os impactos causados pelo vício em tecnologia nas relações humanas. A esse respeito, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman, em sua obra “Modernidade Líquida”, caracteriza as relações modernas como fluidas, efêmeras, regidas pela falta de diálogo e interação entre as pessoas. Sob essa ótica, a incorporação significativa dos recursos tecnológicos na vida dos indivíduos aparece como um dos fatores motivadores para a liquidez definida por Bauman, visto que torna os contatos interpessoais rasos, suprimindo o mundo real em detrimento do virtual. Dessarte, a tecnologia, criada para unir os indivíduos, acaba por fragilizar suas relações. Aliado a isso, é válido ressaltar, também, que o uso excessivo da tecnologia é nocivo à saúde humana. De acordo com o neurologista Luciano Ribeiro, da Associação Brasileira do Sono, o uso exagerado de “smartphones” e “tablets” prejudica a qualidade do sono, desencadeando doenças endócrinas, cardiovasculares, além de problemas mentais e emocionais. Dessa forma, o tecnovício afeta diretamente a saúde física e psicológica dos indivíduos, os quais chegam a apresentar crises de abstinência quando ficam longe dos aparatos tecnológicos, deixando clara a gravidade da problemática. Evidencia-se, portanto, a necessidade de intervenções que visem mitigar os problemas do tecnovício no Brasil. Logo, é recomendado que o Poder Executivo, por meio de subsídios concedidos pela Receita Federal, atue na construção de mais institutos voltados para a desintoxicação digital, principalmente nos locais onde a problemática é mais recorrente, com o fito de reduzir o número de pessoas afetadas por esse vício tão nocivo. Somado a isso, cabe ao Ministério da Educação promover palestras nas escolas e universidades, ministradas por profissionais da saúde, que tenham o intuito de estimular a redução do uso de eletrônicos no dia a dia dos indivíduos, alertando, também, sobre os perigos oferecidos pelo tecnovício, diminuindo, assim, seus efeitos.