Adorno e Horkheimer, membros da escola de Frankfurt, ao estabelecer o conceito de indústria cultural refletem como as informações utilizadas por esse meio podem intervir na liberdade de escolha de cada indivíduo. Nessa perspectiva, observa-se que, na contemporaneidade, a manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet torna-se mais evidente, uma vez que essa prática não apenas molda o pensamento das pessoas, como também estimula o consumismo. É notório destacar, em um primeiro momento, que o sistema de algoritmos é responsável por manipular o comportamento dos indivíduos. Dessa forma, o caso envolvendo o Facebook em que empresas parceiras utilizaram os dados fornecidos pelos usuários à rede social, direcionando informações personalizadas e, dessa maneira, influenciando o resultado das eleições norte-americanas demonstra como essa ferramenta molda o pensamento humano. Além disso, empresas de diversos setores utilizam esses dados para ampliar suas redes de consumo. Assim, em um mundo marcado pela globalização, informações acerca das preferências de cada consumidor possibilita ao sistema lançar automaticamente ofertas e promoções que induzem o indivíduo ao consumo e prejudica a sua liberdade de escolha, do modo como já afirmava Adorno e Horkheimer. Fica evidente, portanto, que medidas são necessárias para evitar a manipulação do comportamento dos usuários na internet, mediante controle de dados. Cabe ao legislativo, por meio de projetos de lei, estabelecer mecanismos de regulação do uso de informações pessoais em rede e, desse modo, os dados sejam utilizados apenas com o consentimento dos indivíduos. Assim, poder-se-á viver, de fato, em um Estado democrático de direito onde os indivíduos tenham duas liberdades garantidas.