É possível afirmar que o uso desmedido da tecnologia entre os brasileiros, principalmente aquelas relativas à comunicação, tais como smartphones e tablets, traz malefícios para o indivíduo. Nesse sentido, a utilização de tais equipamentos, por um tempo que excede ao salutar, reverbera negativamente naquele que, desregradamente, manuseia esses aparatos tecnológicos, haja vista as consequências não só de ordem física e psicológica, mas também de ordem social. As estatísticas explicitam que permanecer longos períodos de tempo utilizando as chamadas “telas” pode ser o gatilho para o surgimento de doenças. Não só a síndrome da disfunção lacrimal cujos sintomas são vermelhidão e sensação de areia nos olhos, como também os distúrbios do sono são algumas reações do corpo a esse tipo de comportamento. Dessa forma, a saúde física de quem se permite a esse tipo de comportamento fica comprometida. Outro aspecto relevante é a questão dos danos de ordem mental. Conforme estudos publicados pela Universidade da Coréia, passar muito tempo em diante de um celular aumenta probabilidade de o usuário sofrer crises de ansiedade inclusive depressão. Ademais, o uso sem controle da tecnologia pode desencadear transtornos mentais como a dependência tecnológica, que tem como traços a impossibilidade de se afastar de um determinado aparelho eletrônico sem que haja a sensação de agonia ou suor. Além disso, milhões de brasileiros têm se recolhido da vida social para o isolamento de seus quartos, limitando-se às suas “telas”. As prisões a que o ser humano está sujeito já foram objeto, inclusive, das digressões de Rousseau quando disse que: “o homem nasce livre, e, em toda parte, vive acorrentado”. Essas prisões e correntes - formadas de bits, bytes e telas - repercutem, em um primeiro momento, na redução da comunicação, ou seja, cada vez mais se perde a vontade de se comunicar com os que estão à sua volta; bem como, num segundo momento, a perda da sociabilidade, deflagrada pelo desinteresse em estar no convívio com outras pessoas. É inegável que o uso excessivo da tecnologia implica em malefícios cujas consequências não somente se atém à fisiologia humana, mas também repercute na esfera mental e social. Torna-se necessário, portanto, que o governo promova ações socioeducativas em conjunto com o Ministério da Saúde a fim de promover campanhas publicitárias esclarecedoras sobre o tema a fim de evitar que mais brasileiros tornem-se alvos desse lado obscuro da tecnologia. Só assim pode-se vislumbrar não só uma sociedade adstrita à tecnologia, como também indivíduos saudáveis em todos os aspectos.