Título da redação:

Identidade Líquida na Era Digital

Tema de redação: O problema do uso excessivo da tecnologia entre os brasileiros e suas consequências

Redação enviada em 05/11/2018

Em sua obra-prima “Amor Líquido”, o filósofo Zygmunt Bauman discute sobre a fragilidade das relações humanas e a perda de referências, apontadas por ele como um fruto da modernidade. A massificação do acesso à internet, por sua vez, surge de modo a potencializar esse fenômeno; na medida que, as redes sociais e os diversos serviços online, cada vez mais atrativos, têm o poder de moldar a maneira como seus usuários pensam e, não obstante, seus comportamentos. Em primeiro plano, vale destacar o caráter pessoal que o problema confere: a ameaça à autonomia de pensamento. É sabido que a forma como pensamos, emitimos juízos de valor e direcionamos nossas ações está intrinsecamente ligada aos laços que possuímos com a sociedade. O fato é que, na era da informação, onde tudo se dá em tempo real, muitas vezes acabamos por acatar o que chega até nós sem nenhum pensamento crítico prévio. Temos, ao que parece, a resposta para tudo, instantaneamente. E dessa forma acabamos por terceirizar o exercício de pensar - as máquinas podem fazer isso por nós. Para além do âmbito pessoal, o que reflete no coletivo é ainda mais preocupante, pois pode mudar o curso de toda uma sociedade. Ao longo da história já tivemos exemplos do quão a manipulação de informações pode ser perniciosa, como a ascensão do nazismo na Alemanha. Em uma era digital, as proporções são infinitamente maiores, e para isso não precisamos ir muito longe. Este ano, no Brasil, várias empresas financiaram um esquema de difusão de notícias falsas via “WhatsApp”, com intuito de influenciar nos resultados das Eleições Gerais. Do ponto de vista do comércio eletrônico, o que se vê é uma tendência de criar algoritmos fidedignos que traçam perfis dos usuários de lojas virtuais com base nos seus rastros na rede, estimulando o consumismo. O que se conclui, portanto, é que há necessidade de estabelecer medidas que dialoguem com essa problemática. Cabem aos Poderes Executivo e Legislativo sancionarem leis que fiscalizem e penalizem a disseminação de “fake news”. À escola, recai o precioso dever de incentivar os jovens a pensarem de forma crítica, dando especial atenção às disciplinas humanísticas, como Filosofia e Sociologia. Por último, cabe aos pais monitorar o acesso dos filhos à internet, para que este se dê da forma mais saudável e construtiva possível. Só assim caminharemos gradativamente para a luz da razão e do bem-estar social, escapando da liquidez fatídica de Bauman.