Déficit: aquilo que está em falta para o preenchimento de uma quantia numérica, correspondendo à diferença entre o valor previsto e o valor realmente obtido. Esta é uma palavra ideal para definir a questão habitacional do Brasil, que está jurídica e socialmente desmoralizada. A moradia é um direito constitucional que deveria ser preservado e, apesar disso, é possível observar uma desigualdade desenfreada proveniente de um sistema econômico que visa, acima de tudo, o lucro. O Brasil, como membro da ONU, deveria preservar e fazer jus à Declaração dos Direitos Humanos, alegando que toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e a sua família, sendo a moradia uma destas. Porém, esse tratado não condiz com a real situação do país, sendo possível observar situações de calamidade como o prédio condenado em São Paulo na qual habitavam 372 pessoas de maneira irregular, e no dia primeiro de maio de dois mil e dezoito pegou fogo e desabou, colocando a vida dessas pessoas em risco. Assim, é possível observar que há uma falta de segurança e amparo à população carente. Além disso, existe uma notável concentração de renda proveniente do capitalismo. O economista francês Thomas Piketty, autor do livro “O capital no século XXI” alegou que o Brasil não voltará a crescer de forma sustentável enquanto não reduzir sua desigualdade e a extrema concentração de renda no topo da pirâmide social. É possível observar essa desproporção avaliando a atual situação da sociedade, enquanto grande parte da população vive em condições insalubres, existe a especulação imobiliária, onde as pessoas estocam imóveis visando obter lucro no futuro. Dessa forma, é notório a desigualdade prevalente que impede o desenvolvimento do país de maneira heterogênea. É possível concluir, portanto, que asseguração que o país deveria dar em relação à moradia a toda população é uma utopia que ainda não foi alcançada e a desigualdade social prevalece em meio a essa realidade. Faz-se necessário, por meio da Secretaria Nacional de Habitação, a adoção de um projeto de desenvolvimento das áreas precárias, promovendo um ambiente sustentável e, além disso, disponibilizando cultura e educação a essa parte da população. Além disso, é importante elevar os impostos das pessoas que acumulam imóveis, proporcionando uma reforma na urbanização de maneira mais igualitária.