Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: Deficit habitacional no Brasil

Redação enviada em 24/08/2018

“ A burguesia criou determinados procedimentos para separar a plebe proletarizada da plebe não proletarizada”. Essa célebre frase do crítico Michel Foucault pode amplamente ser relacionada à questão do deficit habitacional no Brasil, já que existe uma histórica prática de distinção de moradias baseada no poder aquisitivo das classes sociais. Esse fenômeno tem origens claras em uma cultura capitalista que não proporciona iguais oportunidades de aquisição aos indivíduos. Assim, entre os fatores que contribuem para que esse quadro se solidifique estão a negligência governamental juntamente com condutas do mercado imobiliário. Nesse contexto, é perceptível que os preceitos que fomentam o sistema do capitalismo é um fator agravante dos problemas com habitações no século XXI. Isso ocorre, pois desde a dissolução da Lei Áurea que decretou fim à escravidão no país, o Estado negligenciou o destino e a inserção da população negra, o que levou ao surgimento de favelas e principiou um embate que vigora atualmente que engloba o baixo investimento governamental, a elitização de espaços urbanos e o preconceito social com a deficiência de moradias de qualidade para seres com baixa renda. Consequência desse processo é que a massa populacional acaba vivendo a margem da sociedade, visto que aumentam a quantidade de moradores de ruas e residências em locais inapropriados para seres humanos. Em concordância com isso a filósofa Hannah Arendt alegou que “Não devemos banalizar o mal”, exemplificando que o governo banaliza o prejuízo dessa lei da oferta e da demanda em todos os setores sociais para o desenvolvimento da nação. Além disso, outro fato que contribui para alicerçar a degradante crise da residência imobiliar são as buscas incessantes do lucro por imobiliárias e cidadãos. Tal situação tem origem em um cultura capitalista que não viabiliza as mesmas condições aquisitivas para a população, que reproduz nos imóveis sua característica de exclusão dos grupos menos favorecidos economicamente. Resultado disso é que se instala nos centros urbanos certa segregação espacial, pois um imóvel com boas estruturações traz preços exorbitantes. Exemplo desse emblema é discutido paralelamente pelos estudiosos inseridos na Escola de FrankFurt, que retratam a influência da indústria cultural no viés capitalista, a qual exclui possibilidades para aqueles que não se enquadram ao imposto. Diante desse cenário, mais importante que combater isoladamente os fatores periféricos da problemática exposta, faz-se fundamental que a desestruturação de uma formação cultural que procura ganhos monetários excessivos seja prioridade do Estado. Para isso, é necessário que o governo federal acione o Ministério da Justiça e Cidadania para viabilizar um Programa Nacional de Combate ao Deficit Habitacional, que promova projetos de interação entre indivíduos que se encontram em situação de rua, moradores de localidades precárias e o Poder Legislativo, com a finalidade de desenvolver uma união que atenda às necessidades primordiais desse problema, desconfigurando a negligência governamental. Para tanto, o Ministério Público deve propor uma lei a ser votada no Congresso para a punição, através de multas, de mercados imobiliários que elevem e dificultem extremamente o acesso à moradias, proporcionalmente.