Na obra “O Cortiço”, do escritor Aluísio Azevedo, é retratada a precária realidade do problema habitacional brasileiro, a qual era vivida por diversos indivíduos e ocorria em alguns locais durante o final do século XIX. Contudo, no Brasil hodierno, de maneira análoga a do livro, apesar de seu caráter fictício, muitas pessoas enfrentam obstáculos semelhantes, já que várias não possuem uma moradia digna e vivem em ambientes precários que oferecem diversos riscos de vida. Nesse contexto, o problema do deficit habitacional no Brasil envolve amplas questões, dentre as quais, destacam-se a sua construção histórica e a leniência do Governo Federal frente sua resolução De início, vale ressaltar que o processo de urbanização desordenado no Brasil implicou em diversos prejuízos. Nessa perspectiva, vários contingentes populacionais migraram para os centros urbanos buscando um novo modo de vida. Com isso, o inchaço nas cidades se tornou evidente, desse modo, favorecendo, em grande parte, um processo de favelização nesses locais, o qual foi potencializado, também, por projetos ditos sanitaristas, que expulsaram as classes sociais mais baixas dos grandes centros. Logo, as raízes históricas dessa urbanização desestruturada ajudam a explanar o problema da carência de domicílios no Brasil atual. Ademais, em outra análise, a leniência do Estado frente a tentativa de resolver esse deficit agrava a situação. Sob esse prisma, o Poder Público, em vez de buscar elaborar e implantar projetos de reestruturações urbanas, muitas vezes, os desprezam, o que amplifica a escassez de residências, como mostram dados obtidos nos estudos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com base em estatísticas da Pesquisa Nacional de Amostra em Domicílios, que revelam um deficit habitacional de cerca de 7,8 milhões de moradias no país. Em vista disso, fica clara uma das razões que contribui para a perpetuação desse problema no país. Destarte, percebe-se que, dentre as amplas questões que envolvem a adversidade do deficit habitacional no Brasil, evidenciam-se a construção histórica dessa questão e a leniência do Governo Federal frente a ela. Portanto, urge que o Estado, por meio do Ministério das Cidades, desenvolva e amplie a Política Nacional de Desenvolvimento Urbano com o objetivo melhorar as condições de moradia de diversas pessoas do país disponibilizando verbas e recursos necessários. Além disso, o Poder Público deve, por meio do Ministério do Desenvolvimento Social, elaborar políticas públicas capazes de mitigar os prejuízos sofridos por pessoas que já são atingidas por esse deficit para que, de fato, diferentemente de como retratado no livro “O Cortiço”, consiga-se ter uma melhoria na questão habitacional no Brasil.