Segundo Martin Luther King, todo progresso é precário, e a solução para um problema coloca-nos diante outros impasses. Dessa forma, é razoável associarmos tal afirmativa ao estado de déficit habitacional no Brasil. Sob esse prisma, em decorrência do desenvolvimento da urbanização, grandes cidades industrializadas atraíram grande massa de trabalhadores, que em face de políticas excludentes, foram mal recebidos e submetidos à marginalidade. Em primeiro plano, salienta-se que o problema habitacional tem origem em um dispositivo estatal ineficiente e desigual. A respeito disso, em uma perspectiva histórica, pode-se destacar a política do "bota-abaixo" realizado no Rio de Janeiro, no período da República Velha, pelo prefeito Pereira Passos. Nesse contexto, essas medidas promoveram a revitalização da cidade, entretanto realizou-se a destruição dos cortiços onde moravam pessoas de baixa renda, expulsando-os do centro para os morros cariocas. Nessa perspectiva, fica evidente que o direito à moradia dos mais pobres é negligenciado em detrimento dos processos de reforma do espaço urbano, gentrificação, que valoriza o mercado imobiliário tornando os valores dos serviços da região inacessíveis a esse segmento social. Outrossim, é relevante o debate sobre os efeitos desse caos na vida dos Brasileiros. Nesse sentido, ao contrário do senso comum, a falta de um lar para morar não é o único tipo de déficit habitacional. Segundo a ONU, a segurança de posse, disponibilidade de serviços, acesso a cultura, transporte, saúde e educação; são outros aspectos para caracterizar essa deficiência. Sendo assim, é inadmissível que uma pessoa use mais que 30% de sua renda em gasto com sua moradia que não atende aos requisitos de uma moradia digna, tendo, ainda, obstáculos ao demandar tempo e pagar caro com o deslocamento de casa para os serviços da cidade. Urge, portanto, ações de prevenção e mitigação para combater o problema. O Governo deve promover medidas saneamento básico em espaços de ocupações habitacionais mal planejadas com a promoção de redes de tratamento de esgoto e coleta de lixo. Além disso, é necessário que o Governo em parceria com empresas privadas, interligue regiões de importância econômica e cultural ás comunidades desfavorecidas de privilégios, por meio de construção de vias para transportes alternativos como bicicletas e embarcações. Com isso, os cidadãos poderão gastar menos dinheiro com a mobilidade e terão oportunidade de passar mais tempo com suas famílias.