A obra "O Cortiço" de Aluísio Azevedo retrata a difícil realidade dos moradores de cortiços brasileiros durante o século XIX. Apesar de ser um livro de séculos atrás, infelizmente, continua sendo atual para compreender a precária situação de moradia de milhões de brasileiros. Muitos são os fatores que levam várias pessoas a terem domicílios improvisados e que não atendem as necessidades básicas humanas como seus lares. Dentre esses, vale ressaltar: a ausência de políticas públicas para contornar essa triste realidade e a negligência de grande parte da população ao não buscarem seus direitos. Está previsto na Constituição Federal a garantia de moradia, saneamento básico e todos os direitos sociais essências e dignos a qualquer ser humano. No entanto, há uma enorme divergência entre o que está escrito em papéis e o que é vivido na sociedade brasileira. De acordo com dados da Fundação João Pinheiro, em 2014 havia mais de onze milhões de famílias morando em locais sem: energia elétrica; rede geral de abastecimento de água; esgotamento sanitário e coleta de resíduos sólidos. Diante desse cenário catastrófico, fica clara a problemática do deficit habitacional no Brasil. Portanto, cabe a União a promoção de programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais dessas famílias como já está previsto na Constituição. Para isso se concretizar é fundamental a cobrança desses direitos sociais por parte dos cidadãos brasileiros. Protestos e manifestações, através de redes sociais e outros meios, devem ser feitos com o intuito de assegurar o que é prometido à sociedade. A democracia não acaba com o fim das votações eleitorais e compete a todos cidadãos se conscientizarem sobre suas funções civis e sociais para tornar a realidade mais distante daquela retratada por Aluísio Azevedo e mais próxima daquela escrita na Constituição Federal.