Título da redação:

Motivação política não basta

Tema de redação: Deficit habitacional no Brasil

Redação enviada em 25/06/2018

Hoje no Brasil, embora o tema déficit habitacional esteja presente em todas as agendas prioritárias dos governos, essa motivação política não tem sido suficiente para a concretização de melhorias no setor de habitação. São vários os fatores associados à falta de moradia no país, entretanto, a não compreensão dos fatores histórico-culturais que tem levado a uma precarização desse setor e a gestão ineficiente de programas habitacionais, aumentam ainda mais o abismo entre o sonho da moradia digna e a realidade vivida por milhões de brasileiros. A priori, temos que observar as mudanças históricas ocorridas no país que estão intrinsecamente ligadas aos problemas de moradia. No século XIX, o Brasil passou por um intenso êxodo rural, em que boa parte da população que ocupava áreas rurais passaram a buscar os centros urbanos para desempenharem suas atividades econômicas. Dessarte, essa inversão na estrutura populacional gerou uma ocupação desordenada das cidades, levando a favelização de setores urbanos, além de aumentar ainda mais a separação de classes sociais, onde os ricos ocupam regiões com boa infraestrutura de saneamento básico, e os pobres são marginalizados nas periferias. Desse modo, o conhecimento dos fatores históricos que geram essas desigualdades são imprescindíveis para a busca das soluções habitacionais. Outro problema que agrava o déficit habitacional é a má qualidade da gestão de programas de moradia popular. O programa "Minha casa minha vida", visto por boa parte da classe gestora como modelo para a solução habitacional, não foi capaz de reduzir 5% do déficit habitacional entre os anos de 2010 a 2014 ( dados da Fiesp- Federação das Industrias de São Paulo). Assim, fica evidente que esses programas não tem alcançado a população mais carente e necessitada do país, evidenciando a necessidade urgente da revisão dos sistemas e regras de seleção dos beneficiários. Portanto, muito além da motivação política, o contexto histórico e gerencial precisam ter uma atenção especial e estarem intrinsecamente interligados para que se alcance as soluções no setor habitacional. Uma das formas de iniciar essa melhoria é a parceria entre os municípios e a própria população. Os municípios, por meio de agentes sociais credenciados, devem rastrear dentre a população que recebe até 1 salario mínimo os que estão em situação de vulnerabilidade habitacional e a população, por intermédio de cooperativas de reciclagem de materiais da construção civil e recursos do IPTU, devem construir moradias populares, que serão disponibilizadas para a população previamente rastreada pelos agentes sociais.