Título da redação:

Acidente Social

Tema de redação: O problema da maternidade precoce no Brasil

Redação enviada em 24/10/2016

A maternidade é um momento especial da vida de uma mulher, e marca o início de uma nova fase, na qual ela desempenhará o papel de mãe e educadora de uma criança. Infelizmente, muitas meninas engravidam antes dos vinte anos, e geram seus filhos sem o mínimo preparo e planejamento. Nesse contexto, nota-se uma situação-problema complexa, a qual deve ser analisada separadamente pelos espectros da criança e da mãe, uma vez que a gravidez precoce leva ao surgimento de uma geração de crianças indesejadas, e também interrompe o fluxo saudável de desenvolvimento da vida dessas jovens. Inicialmente, é válido destacar que a possibilidade de planejar a concepção foi uma grandiosa conquista das mulheres, as quais ganharam um poder de escolha que não detinham anteriormente. A fase de testes da criação da pílula anticoncepcional fez muitas vítimas no início do século 20 até que esse advento pudesse vir a público em grande escala, oferecendo ao sexo feminino a liberdade para determinar o momento de construir uma família. No entanto, a despeito de todo esse esforço científico e feminista, ainda existem muitas meninas que engravidam acidentalmente e de forma extremamente precoce. Um dos problemas dessa precocidade é a doença social criada pelo descontrole da natalidade entre as faixas etárias mais baixas, gerando uma explosão de nascimentos não planejados e mães sem condições e sem vontade de criar seus filhos. Devido a isso, observa-se uma cruel realidade de recém-nascidos abandonados e crianças maltratadas ou negligenciadas, as quais acabam sendo levadas para abrigos, ou tornando-se crianças de rua, com futuros sem qualquer perspectiva. Por outro lado, as consequências negativas do adiantamento da maternidade também recaem sobre as recentes mães. Nesse âmbito, cabe analisar que a grande maioria das jovens interrompe seus estudos, abandona seus projetos, deixa de ingressar no ensino superior ou no mercado de trabalho e anula sua vida profissional, em virtude da chegada de uma criança que não se integra às necessidades da vida de uma adolescente. Em outras palavras, a vida dessas mães precoces é completamente transformada, assim como a de suas famílias, as quais, geralmente, acabam por se tornar as responsáveis financeiras pelos gastos do bebê, corroborando ainda mais a incapacidade e a insuficiência dessas jovens para a criação de uma criança. Com tudo isso, é irrefutável a conclusão de que a maternidade adiantada torna-se um problema para as adolescentes, e também para a sociedade, a qual gasta mais de 500 milhões por ano com esse tipo de assistência. Para corrigir tal situação, o Ministério da Saúde deve preconizar a anticoncepção das meninas, por meio da implantação gratuita do dispositivo intrauterino (DIU) nos hospitais públicos de todo o Brasil, a fim de reduzir drasticamente a natalidade nessa faixa etária. Complementarmente a essa medida, esse mesmo Ministério deve também fazer uma campanha midiática na televisão para alertar as jovens sobre os riscos da gravidez precoce e as convocarem para realizarem a implantação do DIU no hospital público mais próximo. Essas duas medidas possuem uma altíssima factibilidade para amenizar a problemática do enorme número de gestantes jovens em, afinal, essa situação é uma questão que vai além da saúde, haja vista que suas raízes e consequências se fundamentam na sociedade.