Título da redação:

Pronominais que regem a língua "brasileira"

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 19/10/2018

O escritor modernista brasileiro Oswald de Andrade, em seu poema “Pronominais”, tece uma crítica, típica de seu movimento literário avesso à padrões, a rigidez linguística brasileira. Décadas depois, seus versos dialogam com o cenário atual, marcado pela naturalização dos preconceitos linguísticos regionais e a dificuldade de combatê-los. Logo, para que os brasileiros superem a discriminação veículada na linguagem, é crucial que haja uma reforma educacional que combata a rigidez desde a formação, aliada a uma mudança de comportamento da elite, que usa o poder do discurso preconceituoso para subjulgar e controlar as demais classes. A priori, a falha promotora de preconceitos vem desde a base, a educação. Nessa perspectiva, enquanto as escolas e universidades basearem-se, exclusivamente, na gramática normativa para formar a população, esmorecendo e desmerecendo os inúmeros regionalismos existentes no Brasil, que, consoante o linguista brasileiro Marcos Bagno, é o país com mais variações do português, será desafiador superar o preconceito linguístico. Dessa forma, concretiza-se um empecilho crucial para equidade entre os comportamentos linguísticos, se a formação daqueles que têm acesso a educação se restringe a norma culta, é improvável que haja valorização aos demais partindo desses, o que é um paradoxo, os educados são preconceituosos Ademais, todo preconceito é originado de comportamentos que buscam o controle social. Nesse contexto, a hierarquização e submissão de certas variações linguísticas é um discurso preconceituoso, que, como defendido pelo filósofo francês Michael Foucault, carrega consigo, como todo discurso, um poder sútil e velado. Destarte, a discriminação de comportamentos linguísticos no Brasil, representa, mesmo que indiretamente, a tentativa da elite, valorizadora da norma culta, de manter o controle social e sua autonomia sobre as demais classes, subjulgando-as. Para se combater o preconceito, portanto, é imprescindível mudanças educacionais e sociais. De início, o Ministério da Educação deve investir em alterações na base curricular e nos livros didáticos que preconizam a gramática normativa de modo a esmorecer variações regionais, subjulgando e desvalorizando-as, visando assim, superar a ideia de supervalorização da norma culta. Outrossim, a sociedade cívil engajada deve agir como ente fiscalizador e denunciador de práticas preconceituosas com intuito de ridicularizar ou desrespeitar indivíduos que não dominem ou não preconizem a gramática tida como padrão, visando, só assim, superar a rigidez já criticada no modernismo por Oswald de Andrade, mas que, persiste até hoje.