Título da redação:

Preconceito linguístico no Brasil

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 19/06/2018

Em 1922, durante a Semana da Arte Moderna, o Modernismo, movimento artístico e literário, surgiu em contraste com o movimento parnasianista, conhecido pela linguagem formal. Oswald de Andrade, precursor do movimento modernista escreveu obras valorizando a linguagem popular, livre de regras gramaticais. Na conjuntura atual do Brasil, no entanto, observa-se um cenário de marginalização linguística, responsável por atribuir características negativas às variações regionais linguísticas. Nesse âmbito, destacam-se fatores históricos e culturais, responsáveis pela manutenção do preconceito linguístico no país. Em primeiro plano, há o panorama histórico. Isso pode ser observado a partir da dominação portuguesa sobre os nativos indígenas brasileiros, que, considerados inferiores, foram obrigados a incorporar aspectos culturais portugueses aos seus costumes, como a linguagem. Decerto, na atualidade, as escolas não atuam para encerrar esses padrões. Assim, como elucida o sociólogo Émile Durkheim, a escola condiciona os indivíduos a repetirem comportamentos estabelecidos, dificultando a superação desse problema. Sob esse viés, no livro Caminhos Cruzados, de Érico Veríssimo, vemos o professor Clarimundo, um homem intelectual, que não consegue se comunicar com as classes mais baixas, atentando-se somente aos erros gramaticais cometidos por eles. Tendo em vista que na sociedade em que vivemos a língua está intimamente relacionada com a estrutura social, esse personagem é uma representação de segmentos da sociedade que consideram a gramática normativa como a única aceita e sentem-se superiores por falá-la, condenando quem não a segue.Dessa forma, propagam um preconceito contra grupos que não tiveram acesso à educação e que acabam excluídos socialmente. Ademais, conforme a teoria do habitus do filósofo francês, Pierre Bourdieu, tudo que envolve a linguagem – correção gramatical, sotaque, habilidade no uso de palavras e construções. – está fortemente relacionado à posição social de quem fala. Contudo, é crucial entender que cenários diferentes pedem linguagens diferentes. Não é esperado que um jogador de futebol utilize expressões que um empresário usaria. Ainda assim, a linguagem de um não se sobrepõe à outra, pois elas adequam-se ao meio em que são faladas, ou seja, seria complicado a compreensão de termos eruditos em um cenário popular. Nesse sentido, a norma culta é um direito, não um dever. Destarte, medidas são necessárias para a resolução do preconceito linguístico. Assim, cabe ao Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, produzir e distribuir material didático que instrua sobre a importância da valorização das características regionais da língua, a fim de mitigar o preconceito. Por seu turno, as escolas devem trabalhar, por meio de palestras, eventos e peças teatrais, a importância de valorizar as singularidades das variações idiomáticas, com o intuito de evidenciar sua importância histórica e dirimir o preconceito entre os jovens em formação.