Título da redação:

Preconceito linguístico

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 29/10/2018

A gravidade do preconceito linguístico tem despertado a atenção da sociedade brasileira e chamado a atenção do poder público para a notoriedade da questão no Brasil. Porém, ainda que reconhecida a importância de superar esse impasse, a fim de que o país avance, essa problemática persiste em decorrência, sobretudo, de fatores políticos e sociais. Por isso, medidas cujo objetivo seja reverter esse quadro são necessárias. Em primeira análise, é necessário destacar que o preconceito contra as variedades linguísticas é corroborado pelas desigualdades sociais. Infelizmente, uma postagem feita por um Médico em São Paulo, a qual criticou a linguagem de um paciente não escolarizado “não existe peleumonia e nem raôxis” é um claro exemplo. Isso é frequentemente manifestado na forma de violência simbólica, termo do sociólogo Pierre Bourdieu, que inclui os comportamentos, não necessariamente agressivos física ou verbalmente, que excluiriam moralmente grupos minoritários, como exemplificado por meio da estagnação governamental no combate ao analfabetismo no país segundo dados do IBGE. Consequentemente, as vítimas dessa agressão simbólica são ridicularizadas, favorecendo o subdesenvolvimento do país. Em segunda análise, é fundamental considerar que a falta de empatia de muitos cidadãos apresenta-se como outro fator preponderante para a existência do preconceito linguístico. Esse cenário não é algo recente na história da humanidade: o mundo ocidental foi marcado pela presença de uma visão etnocêntrica que considerava “bárbaro” qualquer pessoa que não falasse a língua grega. O preconceito linguístico, no entanto, reverbera na sociedade atual e muitas palavras pejorativas são usadas para determinar pessoas através de um estereótipo associado as variedades regionais, como é o caso do caipira, do baiano, do nordestino, do roceiro, dentre outros. A desvalorização das variedades linguísticas, desse modo, ocorre com o teor de deboche e pode gerar diversos tipos de violência verbal, psicológica, além de acentuar a exclusão social. Portanto, o Poder Público deve ampliar as políticas de redução das desigualdades sociais, por intermédio de maiores investimentos no Bolsa Família e no Minha Casa Minha Vida, visando diminuir o analfabetismo. Ademais, compete a Escola- por seu poder na formação do senso crítico- desenvolver a empatia no alunos, o que é fundamental para o convívio em sociedade, objetivando a valorização das variedades linguísticas e o combate ao preconceito, por meio de palestras e teatro abertas público. Logo, essa realidade poderá ser gradativamente desconstruída.